Comentários sobre a exposição de Alécio de Andrade:
Concepção, edição de fotos, curadoria, texto de apresentação, vitrines com cartas de Cartier-Bresson e Marc Riboud, dando conta do ingresso de Alécio na Agência francesa Magnum e textos de Carlos Drummond de Andrade e Marques Rebelo sobre as fotos e a sensibilidade do fotografo. Quantidade e tamanho das fotos expostas, técnica e estilo.
Alécio comunga dos princípios do “instante decisivo”, instituído por Henri Cartier-Bresson que dizia: “a fotografia é o reconhecimento de um momento que não dura mais do que uma fração de segundos, mas, ao mesmo tempo é a representação das formas contidas neste momento que dão sua expressão, sua significação”.
Pedro de Sousa, no texto de apresentação da exposição, enfatiza que “a influência de Cartier-Bresson é de tal forma onipresente na fotografia moderna que o seu trabalho estabeleceu, por assim dizer, um padrão. Um padrão de rigor preto e branco, ausência de retoques ou reenquadramento das tiragens, ausência de flash – que Alécio faz seu. Alécio é também um mestre do instante, como o provam tantas imagens definitivas que fazem parte da nossa memória visual...”
Destaco aqui outro parágrafo do texto de Pedro sobre Alécio que nos será interessante para uma reflexão e debates sobre justamente o “estatuto do instante” forte referência para a fotografia e o contraponto com os pressupostos calcados na noção de imagem da fotografia contemporânea.
“Será que a genialidade do fotografo se limita então a descobrir e registrar situações curiosas, ou coincidências significativas? É claro que o fotografo, ao retratar um “motivo”, não se limita a “registra-lo”. Ele cristaliza nesse instante toda uma sensibilidade adquirida, que altera substancialmente esse “motivo” e, em ultima instância, o “faz existir”. Simplesmente o tempo na fotografia não se exprime na luta artesanal com as palavras, os sons, as formas ou as cores, que seria o apanagio das Artes com “A” maiúsculo. O tempo do fotografo precede e acompanha o olhar, capta o tempo dos outros e, no caso de Alécio, ensina-nos que nada é forçosamente aquilo que parece.”
Sobre os retratos.
Nossos olhos percorrem horizontalmente uma galeria de personalidades, de Michel Foucault, Jean Genet, Peter Brook, Franz Krajcberg, Mario Pedrosa, Ernesto Sabato, Henry Miller, Simone de Beauvoir e Sartre, Susan Sontag, Vinicius de Moraes e Toquinho, Baden Powel, Nana Vasconcelos, Marques Rebelo Fereira Gullar, Rubem Braga.....etc....
Muitos em seus contextos de vida, alguns em flagrantes e cenas de rua, em encontros possíveis, autorizados e permitidos. Em quase todos percebe-se uma cumplicidade entre modelo e fotografo. Mas um parece fugir a esse olhar: Foucault.
Pedro comenta pouco ou quase nada sobre os retratos. Vale de vocês, alunos, olhares e escritos inéditos a respeito do assunto.
O que Henri Cartier-Bresson dizia sobre o ato de retratar:
“é preciso estar disponível; é preciso olhar. Há muitos poucos que olham, vêem, identificam. Nas exposições, a maioria dá uma olhada rápida e vai direto nas etiquetas. A fotografia é o problema do tempo. Tudo desaparece. Com a fotografia existe a angustia que não há no desenho. O presente concreto ocorre numa fração de segundos, o que é desagradável e maravilhoso simultaneamente. Trata-se de uma luta contra o tempo que, por sua vez, é uma invenção do homem. É preciso esquecer de si mesmo e da nossa vontade, não querer nada e deixar as coisas virem sozinhas, como ensina o budismo. Com o desenho, tudo está ali, à espera, o tempo é praticamente infinito.”
Para oferecer pontos de reflexão, cito aqui o que a fotografa francesa, Denise Colomb, contemporânea de Cartier-Bresson e autora também de grande quantidade de retratos de artistas, intelectuais e escritores, dizia :
“Eu não conheço as pessoas, eu as fotografo”.
Concepção, edição de fotos, curadoria, texto de apresentação, vitrines com cartas de Cartier-Bresson e Marc Riboud, dando conta do ingresso de Alécio na Agência francesa Magnum e textos de Carlos Drummond de Andrade e Marques Rebelo sobre as fotos e a sensibilidade do fotografo. Quantidade e tamanho das fotos expostas, técnica e estilo.
Alécio comunga dos princípios do “instante decisivo”, instituído por Henri Cartier-Bresson que dizia: “a fotografia é o reconhecimento de um momento que não dura mais do que uma fração de segundos, mas, ao mesmo tempo é a representação das formas contidas neste momento que dão sua expressão, sua significação”.
Pedro de Sousa, no texto de apresentação da exposição, enfatiza que “a influência de Cartier-Bresson é de tal forma onipresente na fotografia moderna que o seu trabalho estabeleceu, por assim dizer, um padrão. Um padrão de rigor preto e branco, ausência de retoques ou reenquadramento das tiragens, ausência de flash – que Alécio faz seu. Alécio é também um mestre do instante, como o provam tantas imagens definitivas que fazem parte da nossa memória visual...”
Destaco aqui outro parágrafo do texto de Pedro sobre Alécio que nos será interessante para uma reflexão e debates sobre justamente o “estatuto do instante” forte referência para a fotografia e o contraponto com os pressupostos calcados na noção de imagem da fotografia contemporânea.
“Será que a genialidade do fotografo se limita então a descobrir e registrar situações curiosas, ou coincidências significativas? É claro que o fotografo, ao retratar um “motivo”, não se limita a “registra-lo”. Ele cristaliza nesse instante toda uma sensibilidade adquirida, que altera substancialmente esse “motivo” e, em ultima instância, o “faz existir”. Simplesmente o tempo na fotografia não se exprime na luta artesanal com as palavras, os sons, as formas ou as cores, que seria o apanagio das Artes com “A” maiúsculo. O tempo do fotografo precede e acompanha o olhar, capta o tempo dos outros e, no caso de Alécio, ensina-nos que nada é forçosamente aquilo que parece.”
Sobre os retratos.
Nossos olhos percorrem horizontalmente uma galeria de personalidades, de Michel Foucault, Jean Genet, Peter Brook, Franz Krajcberg, Mario Pedrosa, Ernesto Sabato, Henry Miller, Simone de Beauvoir e Sartre, Susan Sontag, Vinicius de Moraes e Toquinho, Baden Powel, Nana Vasconcelos, Marques Rebelo Fereira Gullar, Rubem Braga.....etc....
Muitos em seus contextos de vida, alguns em flagrantes e cenas de rua, em encontros possíveis, autorizados e permitidos. Em quase todos percebe-se uma cumplicidade entre modelo e fotografo. Mas um parece fugir a esse olhar: Foucault.
Pedro comenta pouco ou quase nada sobre os retratos. Vale de vocês, alunos, olhares e escritos inéditos a respeito do assunto.
O que Henri Cartier-Bresson dizia sobre o ato de retratar:
“é preciso estar disponível; é preciso olhar. Há muitos poucos que olham, vêem, identificam. Nas exposições, a maioria dá uma olhada rápida e vai direto nas etiquetas. A fotografia é o problema do tempo. Tudo desaparece. Com a fotografia existe a angustia que não há no desenho. O presente concreto ocorre numa fração de segundos, o que é desagradável e maravilhoso simultaneamente. Trata-se de uma luta contra o tempo que, por sua vez, é uma invenção do homem. É preciso esquecer de si mesmo e da nossa vontade, não querer nada e deixar as coisas virem sozinhas, como ensina o budismo. Com o desenho, tudo está ali, à espera, o tempo é praticamente infinito.”
Para oferecer pontos de reflexão, cito aqui o que a fotografa francesa, Denise Colomb, contemporânea de Cartier-Bresson e autora também de grande quantidade de retratos de artistas, intelectuais e escritores, dizia :
“Eu não conheço as pessoas, eu as fotografo”.
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