terça-feira, 28 de setembro de 2010

Aglaura 3, por Teresa Bastos
Aglaura 2, por Teresa Bastos
Aglaura 1 , por Teresa Bastos


















terça-feira, 21 de setembro de 2010

Uma imagem para Aglaura

“As cidades e o nome 1” (P. 65), do livro Cidades invisíveis,
do escritor italiano Ítalo Calvino

Não saberia dizer nada a respeito de Aglaura além das coisas que os próprios habitantes da cidade sempre repetem: uma série de virtudes proverbiais, de defeitos igualmente proverbiais, algumas extravagâncias, algumas inflexões observâncias às regras. Antigos observadores – e não existe razão para crer que sejam inverídicos – atribuíram a Aglaura um constante sortimento de qualidades, comparando-as, claro, às de outras cidades da época. Pode ser que nem a Aglaura que se descreve nem a Aglaura que se vê tenham mudado muito desde então, mas o que era estranho tornou-se habitual, excêntrico o que se considerava a norma, e as virtudes e os defeitos perderam excelência ou desdouro num ajuste de virtudes e defeitos distribuídos de maneira diferente. Deste modo, nada do que se diz a respeito de Aglaura é verdadeiro, contudo permite captar uma imagem sólida e compacta de cidade, enquanto os juízos esparsos de quem vive ali alcançam menor consistência. O resultado é o seguinte: a cidade que dizem possui grande parte do que é necessário para existir, enquanto a cidade que existe em seu lugar existe menos.
Portanto, se quisesse descrever Aglaura limitando-me ao que vi e experimentei pessoalmente, deveria dizer que é uma cidade apagada, sem personalidade, colocada ali quase por acaso. Mas nem isso seria verdadeiro: em certas horas, em certas ruas, surge a suspeita de que ali há algo de inconfundível, de raro, talvez até de magnífico; sente-se o desejo de descobrir o que é, mas tudo o que se disse sobre Aglaura até agora aprisiona as palavras e obriga a rir em vez de falar.
Por isso, os habitantes sempre imaginam habitar Aglaura que só cresce em função do nome Aglaura e não se dão conta da Aglaura que cresce sobre o solo. E mesmo para mim, que gostaria de conservar as duas cidades distintas na mente, não resta alternativa senão falar de uma delas, porque a lembrança da outra, na ausência de palavras para fixá-la, perdeu-se.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Oficina de Slide na ECO/UFRJ

Projeção em cortina de fumaça. Rosângela Rennó, (2004-2005) Foto: Del Re/Stein


O objetivo dessa oficina é explorar as interfaces da fotografia com o cinema e o áudio visual e a criação de ambientes-cenários imagéticos.
A fotografia do Séc XX foi profundamente identificada como um espelho do real. Com a entrada na era digital, e a profusão de programas de manipulação de imagens, clarificou o caráter altamente amigável à intervenções da fotografia.
Partiremos de duas ( ou mais) projeções de slides convencionais trazidos pelos alunos, e construiremos outros artesanalmente durante o workshop. Atravez de justaposições e sobreposiçoes das imagens projetadas em uma espaço, serão criadas outras imagens que serão fotografadas com máquina digital.As imagens obtidas desse ambiente serão editadas em um programa de video.
Quem quiser participar deve levar slides ou fotos digitais.
Local: Estúdio Fotográfico CPM/ECO
Data: 23 de junho 2010
Horário: 16 horas
Professora: Denise Cathilina /Escola de Artes Visuais do Parque Lage

terça-feira, 8 de junho de 2010

Oficinas de fotografia no LabFoto da ECO



Terá início na próxima sexta-feira uma série de três oficinas de fotografia que serão oferecidas gratuitamente aos alunos da ECO. As vagas são limitadas e serão preenchidas de acordo com a ordem de chegada. Maiores informações você encontra no folder acima.






segunda-feira, 7 de junho de 2010

Colóquio Imagem e política: fotografias de arquivo começa nesta terça, na UFF

Manifestações estudantis no Rio de Janeiro, 1968. Cred: Evandro Teixeira


Terá início nesta terça-feira, dia 8 de junho, o colóquio "Imagem e política: fotografias de arquivo" que tem como objetivo reunir pesquisadores para discutir as relações entre imagem e política no Brasil, do ponto de vista da história da fotografia e da história cultural do político. A partir da valorização de acervos de fotografias de arquivos, pretende-se provocar o debate sobre a construção social da imagem de personalidades da política no Brasil e as diversas vertentes estéticas da fotografia moderna, bem como a obra de fotógrafos e a prática fotográfica que envolve a política no século XX. Trata-se de analisar o papel da fotografia como recurso da propaganda política e do controle social, ressaltando, ao mesmo tempo, o poder de atração e fascinação da imagem política. A coordenação do evento está a cargo de Paulo Knauss, professor do Departamento de História da UFF e diretor do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro.
PROGRAMAÇÃO
Dias: 08 e 09 de junho de 2010
Local: Universidade Federal Fluminense
Campus do Gragoatá, Bloco O / 5º Andar, sala 1 (PPGH) Niterói – RJ
Terça-feira, 08 de junho de 2010
10h – 10h30 – Abertura
10h30 – 12h – Mesa I
Virtudes privadas no espaço público:o retrato da política por Jean Manzon
Helouise Costa / Universidade de São Paulo

Ruy Santos, fotógrafo do PCB
Teresa Bastos / Universidade Federal do Rio de Janeiro

12h – 14h – Almoço
14h – 16h – Mesa II
Imagens da polícia política no acervo do APERJ
Maria Teresa Bandeira de Mello / Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro

Vigilantes e Vigiados nas fotografias da polícia política
Maurício Lissovsky / Universidade Federal do Rio de Janeiro

As imagens do DOPS/MG:usos, apropriações e disputas
Rodrigo Patto Sá Motta / Universidade Federal de Minas Gerais

Quarta-feira, 09 de junho de 2010

10h30 – 12h – Mesa III
A fotografia na tradição política
Ana Maria Mauad / Universidade Federal Fluminense

Política e fotojornalismo: do press-release visual à notícia
Milton Guran / Universidade Federal Fluminense

12h – 14h – Almoço

14h – 16h30 – Mesa IV
Faces de Júlio de Castilhos: imagem e política no Rio Grande do Sul
Elisabete Leal / Universidade Federal de Pelotas

A imagem de Virgílio Távora e a política no Ceará
Francisco Régis Lopes / Universidade Federal do Ceará

A administração da imagem dos governadores no Estado do Rio de Janeiro
Claudia Calmon / Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro

A imagem dos governadores do Mato Grosso do Sul
Caciano Lima / Arquivo Público do Estado do Mato Grosso do Sul

16h30 – 17h – Encerramento
Coordenação Geral
Paulo Knauss

Realização
Universidade Federal Fluminense / Departamento de História / Programa de Pós-Graduação em História / Laboratório de História Oral e Imagem
Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro

Apoio
Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ
Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro Cultural Justiça Federal



quarta-feira, 26 de maio de 2010

Visita à exposição World Press Photo 2010

Graham, jovem anorexico.Foto de Laura Pannack, 1º lugar Retratos Categoria single
A próxima aula do curso será a visita à exposição do World Press Photo 2010, na Caixa Cultural (Av Almirante Barroso,25 - Centro, atrás da estação de metrô Carioca). Encontro: 19 horas, em frente ao Foyer do 1º andar. Posto aqui algumas informações que podem ser úteis para a redação da resenha.
Composta por uma seleção feita entre 101.960 imagens enviadas por 5.947 fotógrafos de 128 nacionalidades diferentes, a exposição é uma chance de montar um painel da história recente e ampliar a perspectiva do indivíduo sobre a sociedade. Variando desde imagens bélicas do Afeganistão até paisagens bucólicas da Antártica, ela traz ao público a oportunidade de pensar sobre os fatos que passam tão aceleradamente pelos noticiários. A mostra é um convite à reflexão sobre o referencial contemporâneo de imagem jornalística e documental.


O Rio de Janeiro é a única cidade do Brasil e a primeira da América a exibir esta 53ª edição do WORLD PRESS PHOTO. A cada ano são premiadas as melhores imagens publicadas na imprensa ao redor do mundo. Na edição atual, fatos relevantes em 2009 nas áreas da política, ecnonomia, esportes, cultura e natureza são documentadas por 162 registros de 63 fotógrafos, originários de 23 países.




Meninos e meninas. Foto de Annie Van Gemert. 2º lugar Retratos - Categoria Série de fotos









Mulher grita em protesto contra resultado da eleição presidencial em Teerã, 24 de junho. Foto de Pietro Masturzo, Photo do Ano.

Publico abaixo o texto assinado por Ayperi Karabuda Ecer, (Suécia/Turquia, vice-presidente de fotografia da agência Reuters e presidente do júri de 2010.) publicado no catálogo da exposição:
“Como podemos atribuir o primeiro lugar a uma fotografia cujo tema não é imediatamente identificável?”
Esta foi uma das questões-chaves discutidas pelo júri do World Press Photo 2010.
Embora alguns entre nós tenham sido atraídos desde o início pela imagem vencedora de Pietro Masturzo, sentindo que ela nos incitava a descobrir algo mais, outros permaneceram indiferentes pela sua falta de contexto imediato. Alguns consideravam que o fotógrafo deve ser capaz de expressar “tudo” numa só imagem, enquanto outros pensavam que este “tudo” seria uma ilusão. Argumentavam que não queriam que lhes dissessem o que pensar, queriam apenas que o fotógrafo abrisse portas de forma criativa, para alimentar a reflexão e despertar a emoção.
A fotografia vencedora do World Press Photo deste ano, que mostra mulheres protestando ao anoitecer nos telhados de Teerã, convida-nos a descobrir uma notícia importante de maneira diferente: calmamente, sem deixarmos de sentir a forte tensão. A sua beleza acrescenta valor à informação.
Todos os membros do júri partilharam a sensação pungente de quão pouco do sofrimento do mundo somos realmente capazes de absorver, quando confrontados com 101.960 imagens concorrentes. Era como se a intensidade do drama tivesse paralisado o efeito visual por se repetir com tanta freqüência.
Olhar para as imagens vencedoras desperta, em cada caso, uma rica e complexa combinação de reações:
O desejo de encontrar formas mais pessoais de comunicação. A sensação do conflito evocado por uma sala de estar bombardeada em Gaza; o vazio que envolve o retrato de um jovem anoréxico; o esquartejamento sistemático de um elefante por camponeses esfomeados; os efeitos devastadores da guerra revelados através de soldados feridos fotografados em residências suburbanas;
Reação e resposta à violência absurda dos acontecimentos, que nos oferecem todos os dias novos desafios, obrigando-nos a reagir de novo a conflitos no Iraque, Afeganistão e Gaza; abrindo-nos os olhos para outras tragédias que ainda não estão presentes na nossa consciência coletiva, como a de Madagascar.
Identificação e questões em torno das nossas vidas. Ver como a fotografia pode transmitir magicamente as emoções e aspirações de uma mãe solteira isolada em Detroit; de um confortável pequenique de domingo numa praia de Moçambique; da natureza assombrosa e de esportes estonteantes.
Há muitas maneiras de relacionar estas imagens, mas a informação é sempre o elemento nuclear: você já havia visto fotografias documentando a ocupação de Guiné- Bissau pelos barões de droga? Sabia que uma laranja contaminada pela poluição tem o aspecto da Terra vista pelo espaço? O que são essas nuvens brancas e cônicas sobre Gaza?
Este concurso não pretende elencar prêmios para a profissão numa espécie de hierarquia. Todas as fotografias vencedoras fazem parte de um todo. No seu conjunto, constituem uma declaração sobre o fotojornalismo e sobre o nosso tempo.
Em um ano no qual os orçamentos dos meios de comunicação sofreram cortes severos, quando muitos jornalistas perderam o emprego e o número de encomendas de trabalho fotográficos decresceu drasticamente, a seleção do Worl Press Photo continua a oferecer uma visão única.
Esta seleção não é um inventário de temas mundiais. È uma viagem fotográfica, um quebra-cabeças visual que celebra o ponto de vista do fotógrafo, apresentando o melhor em cada categoria para que se possa refletir, questionar e desfrutar.
Nascidos em Bordéis
Aproveitando a deixa da exposição, comento sobre o filme Nascidos em Bordéis e
coloco o link para o trailer: http://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?source=DYNAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog&uf=1&local=1&template=3948.dwt&section=Blogs&post=252513&blog=762&coldir=1&topo=3994.dwt
No documentário há uma visita e uma palestra de uma das crianças, Avijit Bucket, à sede do World Press PHoto, na Holanda. O filme desperta comentários elogiosos e também levanta questões polêmicas sobre o etnocentrismo e a noção de “salvar” o mundo. Copio aqui um comentário da revista de cinema Contracampo abominando o documentário e insiro o meu, considerando o aspecto da fotografia abordado no filme. Sem dúvida, a cena da visita do menino Bucket à Holanda nos faz compartilhar do mundo enigmático da seleção das imagens.
A fotografia como experiência
“Para quem tem os olhos focados na fotografia, ou já pôde sentir o quanto a linguagem fotográfica pode mexer com nossa maneira de ver o mundo, o filme “Nascidos em Bordéis” é uma boa indicação. Produção de 2004, vencedor do prêmio de melhor documentário no Festival de filmes de Sundance e do Oscar de Melhor Documentário de Longa-Metragem, o filme mostra o cotidiano das crianças do bairro da Luz Vermelha, em Calcutá, na Índia. O lugar é conhecido pela miséria e prostituição e a partir da iniciativa de Zana, uma fotógrafa americana que lhes ensina a fotografar, os pequenos começam a registrar com uma câmera fotográfica a vida que os cercam. As imagens fotográficas se mesclam ao filme e vão compondo a narrativa. O universo desse submundo indiano vai sendo descortinado a partir dos olhares das próprias crianças marginalizadas e até então sem um futuro digno a ser vivido. A favor ou não da fotógrafa que tenta “salvar” as crianças do destino que as espera, o que é mais enriquecedor no filme é poder acompanhar o desabrochar dessas crianças a partir da vivência com suas câmeras fotográficas. É poder constatar o quanto a fotografia pode contribuir para as questões da identidade e, ao contrário do que vem acontecendo atualmente, pode fugir à banalização e cumprir um papel ético.”
Teresa Bastos, publicado em 23 de janeiro de 2008 no blog imagesvisions: http://imagesvisions.blogspot.com/2008/01/filme-mostra-como-linguagem-fotogrfica.html
Nascidos nos Bordéis, de Zana Briski e Ross KaufmanBorn into brothels: Calcutta's red light kids, Índia/EUA, 2004Nascidos nos Bordéis não é um filme comovente sobre uma mulher que tenta salvar a vida de alguns meninos fadados a repetir a vida criminosa de drogas e prostituição nos guetos da luz vermelha da Índia. É sobretudo um filme de terror. Um filme sobre como uma documentarista, dotada de todas as verdades egocêntricas e etnocêntricas sobre como dar liberdade aos outros, vai num país "exótico e atrasado" para com a arte (a fotografia, o cinema) salvar quem ainda pode ser salvo do mar de lama: as pobres criancinhas. Há um quê de Michael Moore (a professora-cineasta lutando contra a burocracia terceiromundista e preconceituosa da Índia para tirar os vistos de ração de seus alunos), como há um nojento fedor de autopromoção (as crianças sendo entrevistadas pela televisão indiana dizendo como tudo que a tia Zana ensina vai direto pro cérebro, como ela é boazinha e atenciosa, etc.) nessa enquete assistencialista que tenta aplacar a culpa social através de saídas voluntaristas que "fazem a diferença". O voluntarismo, como bem se sabe, serve mais para aliviar a consciência de quem pratica do que para salvar o outro a quem ele geralmente é destinado. Assim, depois que a diretora do filme se esforça para colocar todos os meninos na escola – a toques de caixa, para mostrar que fez sua parte –, as legendas nos informam que a maioria deles voltou para a família. A metáfora é clara: como George W. Bush concedendo aos iraquianos uma democracia que, para princípio de conversa, eles não pediram, tia Zana aparece com seus valores universais para dar "liberdade" a pessoas que vivem num contexto social e existencial em que essa liberdade não é possível. Em Nascidos nos Bordéis, a arte serve como álibi para uma prática invasiva, altamente questionável, e como desculpa para ser bonzinho com os outros e, assim, conseguir suas medalhinhas da Unicef (ou o senso do dever cumprido). Todo o poder à má-consciência. Como no igualmente lamentável Cine Mambembe, a tarefa do artista é agir como elemento invasivo porém carregando valores "universais" para iluminar a vida de pessoas humildes. Efeito "pixote": para um possível fotógrafo de carreira profissional bem-sucedida, quantos conviverão com uma lembrança frustrada de uma caucasiana bem trapalhona? A benevolência cretina de uma documentarista que vai embora enquanto os outros ficam com seus recém-criados desejos artísticos é algo de virar o estômago. Zana Briski jamais deve ter lido O Pequeno Príncipe; nele, se lê: "Tu és responsável por aquilo que cativas". De boas intenções... (Ruy Gardnier)
Revista Contracampo /Pílula, seção crítica

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Exibição de filmes e debate sobre Ruy Santos no Centro Cultural Justiça Federal

Cena do filme O Saci (1953), de Rodolfo Nanni, com fotografia de Ruy Santos.

Em paralelo à exposição Ruy Santos: imagens apreendidas, serão exibidos no Teatro do Centro Cultura Justiça Federal, nos dias 15 e 22 de maio, filmes com direção ou com outro tipo de participação do cineasta Ruy Santos (1916 – 1989).
Ruy fotografou e dirigiu mais de 30 documentários, dos quais alguns foram premiados no Brasil e no exterior. De sua estréia ainda jovem, como assistente de fotografia do lendário filme Limite (1930), de Mário Peixoto, até sua morte, em 1989, foram mais de quarenta anos de cinema e fotografia.
Ruy foi fotógrafo oficial do PCB e comungava, como muitos artistas e intelectuais da época, dos ideais e da proposta do Partido. Foi preso em 1948 e sua produção fotográfica apreendida.
Em sua incursão pelo cinema, Ruy Santos, além de documentários, dirigiu, produziu, escreveu roteiros e fez a fotografia de filmes de ficção. Apesar de extensa cinematografia, Ruy Santos é desconhecido do grande público.

Após a exibição haverá debate e conversa com o público, de acordo com a programação abaixo. A intenção da mostra é dar visibilidade ao trabalho de Ruy Santos no cinema, cuja enorme produção está dispersa e inacessível.

Programação

Dia de exibição: 15 de maio, 2010 (sábado)
Exibição de filme seguido de debate

Sol sobre a lama (1963), de Alex Viany com câmera e direção de fotografia de Ruy Santos
Sinopse: A luta pela preservação do canal de acesso à Feira de Água de Meninos em Salvador, BA, movida por diversos personagens-tipo (prostituta, saveirista, ceramista, etc) contra os poderosos que ambicionam os terrenos sobre os quais se desenrola a feira.
Duração: 90 minutos
Classificação: 14 anos

Debatedores: Hernani Heffner (Conservador-chefe da Cinemateca do MAM ) e José Carlos Monteiro (Professor do Departamento de Cinema e Vídeo da UFF)
Mediadora: Adriana Cursino (Cineasta, pesquisadora de Cinema e doutoranda do Programa de Pós-graduação da ECO/UFRJ)
Horário: 14 às 17 horas

Dia de exibição: 22 de maio
Exibição de cinco filmes, seguida de conversa com o público. A sessão contará com a participação da diretora executiva da Verona Filmes, Rossana Ghessa, uma das últimas parcerias cinematográficas de Ruy Santos.

Comício: São Paulo a Luiz Carlos Prestes (1945), com direção, roteiro e fotografia de Ruy Santos, curta que já está sendo exibido em monitor durante a exposição Ruy Santos, imagens apreendidas, no Gabinete Fotográfico do 1º andar do CCJF.
Sinopse: o documentário retrata a preparação e a realização do comício, realizado em 15 de julho de 1945 no estádio do Pacaembu, em São Paulo. O filme mostra o encontro do líder comunista Luiz Carlos Prestes com o povo após nove anos de prisão, boa parte desse tempo incomunicável.
Duração : 9min14seg
Classificação: livre

O saci ( 1951 – 53), com direção de Rodolfo Nanni e fotografia de Ruy Santos
Sinopse: Primeiro filme infantil brasileiro, O Saci foi um marco na história do cinema nacional. O filme narra as aventuras de Pedrinho e suas tentativas de capturar o endiabrado Saci, que depois irá ajudá-lo a desfazer a bruxaria da Cuca, tudo com a ajuda de Emília e Narizinho do Sítio do Pica Pau Amarelo, onde vivem Dona Benta e Tia Anastácia.
Duração: 65min
Classificação: livre

O Coronel Delmiro Gouveia: o homem e a terra (1968), com direção, roteiro, fotografia e produção de Ruy San tos.
Sinopse: No curta-metragem de Ruy Santos, feito em 1968, temos um perfil laudatório, que associa o personagem, pioneiro comerciante e industrial nordestino, Delmiro Gouveia (1863-1917) a outras glórias nacionais, como Villa Lobos (trilha sonora) e Jorge de Lima (citação). Parte desse trabalho de construção de um herói é denunciar nominalmente os supostos autores e mandantes de seu assassinato.
Duração: 9min
Classificação: 12 anos

O Homem e o limite (1976), com direção, fotografia e montagem de Ruy Santos.
Sinopse: Documentário sobre Mário Peixoto e seu filme Limite (1931), considerado um clássico do cinema brasileiro, acompanhado de parte do comentário musical originalmente utilizado por Mário Peixoto. Filme dedicado à memória de: Edgard Brazil, Brutus Pedreira e Plínio Susssekind Rocha.
Duração: 30min
Classificação: livre

Jorge Amado (2002), com fotografia e direção de Ruy Santos
Sinopse: O documentário remonta a trajetória de Jorge Amado a partir de imagens de arquivo inéditas, além de entrevistas com escritores, cineastas e amigos. O filme analisa a obra do autor baiano, sua militância no Partido Comunista e a forte relação com o Nordeste, sempre presente em seus romances.
Duração: 45 min
Classificação: livre

Serviço
Data: 15 e 22 de maio (ambos sábado)
Local: Teatro do Centro Cultural Justiça Federal
Endereço: Av. Rio Branco, 241 – Centro – (Cinelândia, ao lado da Biblioteca Nacional)
Capacidade do Teatro : 140 lugares
Horário: 14 às 17 horas
Entrada: valor simbólico de 1,00
Filmes serão exibidos em DVD

segunda-feira, 3 de maio de 2010

"Ruy Santos: imagens apreendidas" até 13 de junho no Gabinete Fotográfico do CCJF


De algoz a guardiã

O Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro é o guardião desde 1992 de vasta documentação produzida e apreendida pela implacável e obsessiva Policia Política Brasileira atuante por mais de sessenta anos no controle e repressão da sociedade.

No caso das apreensões, as muitas investidas na sede do Partido Comunista Brasileiro permitiram à Polícia constituir um acervo razoável da trajetória do PCB e, ironicamente, tornou-se sua maior fonte de informações.

Esta exposição exibe imagens apreendidas do fotógrafo e cineasta comunista, Ruy Santos, preso “para averiguações” em 1948. Ruy nos traduz um dos momentos mais importantes do PCB : o comício de Luiz Carlos Prestes, no estádio do Pacaembu, em 15 de julho de 1945, em São Paulo.

De criminosas e apreendidas, estas imagens tornaram-se redentoras. Foram aqui restituídas à sua condição de arte.
Teresa Bastos
Curadora
Veja aqui o filme Comicio: São Paulo a Luiz Carlos Prestes, (1945)com direção e fotografia de Ruy Santos cujas imagens são vistas na exposição:

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Rio de Janeiro através a teleobjetiva de Fernando Rabelo

© Foto de Fernando Rabelo. Luminárias na Rua do Russel. Bairro da Glória, Rio de Janeiro, 2009.

O fotógrafo Fernando Rabelo percorreu a cidade com sua câmera digital em punho, equipada de uma teleobjetiva, Rabelo escolheu pontos de observação privilegiados – como o topo de prédios e montanhas. Fernando procurou locais de onde pode capturar imagens raras com a teleobjetiva, uma lente que aproxima o assunto e tem o poder de tornar grande o que, a olho nu, estaria pequeno, misturando, em perfeita simbiose, real e imaginário. O resultado do trabalho, intitulado Olhar distante: o Rio através da teleobjetiva, com curadoria de Pedro Agilson, está sendo exibido até o dia 7 de março de 2010, no projeto Expofoto, do Oi Futuro Flamengo, no Rio. O exercício de ver, olhar, reparar, pode tornar-se um grande jogo. E é a este desafio prazeroso que Fernando Rabelo mostra nesse ensaio fotográfico. Suas imagens de lugares, paisagens e prédios revelam composições e contrastes urbanos inusitados, dotados de um grafismo surpreendente. O ensaio de Rabelo transforma deliciosamente velhos ícones. Em vez de expandir a cena, enfatiza o detalhe. A habilidade fotográfica de Fernando Rabelo nos dá um presente pictórico, descortinando também outras questões caras à cena visual contemporânea. A capacidade de proliferação de imagens, a insaciável arte da fotografia que, tendo como artífices bons profissionais, podem ainda nos encantar e nos surpreender. E também, o potencial imagético da cidade do Rio de Janeiro que não cansa de ser registrado por pintores desde o século XIX. O que naquela época, eles se esmeraram em fazer, hoje cabe aos muitos fotógrafos da cidade, perpetuar. Olhares plurais que ajudam a elaborar um acervo cada vez mais rico de imagens do Rio de Janeiro. Veja mais fotos Aqui