O GÊNERO PORTRAIT
Definições por:
Coleção Time Life de Fotografia
Jean-luc Nancy
Edouard Pommier
Annateresa Fabris
Anne Beyarrt
Philippe Lejeune
André Gunthert
Definições por:
Coleção Time Life de Fotografia
Jean-luc Nancy
Edouard Pommier
Annateresa Fabris
Anne Beyarrt
Philippe Lejeune
André Gunthert
Jean-Marie Schaeffer
Para sua composição, observar:
O olhar
O corpo
Mãos e pernas
A pose
O ambiente (atmosfera a ser transmitida)
A locação
Iluminação
O equipamento fotográfico
A relação modelo/fotógrafo
A forma de exibição
A função
Questões que suscita:
O olhar
A relação modelo/fotógrafo/espectador
Função e uso
Identidade
Intimidade
Interioridade/exterioridade/ imagem autônoma, etc....
Realidade/Ficção
Dicionário Aurélio
Retrato – Representação da imagem de uma pessoa real, pelo desenho, pintura, gravura, etc; ou pela fotografia. 2 – obra de arte cujo assunto é o retrato. 3 – Representação falada ou escrita de uma pessoa (ou de seu caráter), de uma, coisa, etc, descrição. 4 – Fotografia, ex: tirou retratos dos principais pontos turísticos. 5 – Figura, imagem, efígie de alguém.
Coleção Time Life de Fotografia
O portrait, para não mentir, deve revelar o caráter por trás da face do modelo pois o caráter é a essência da arte do portrait, deixando até para segundo plano a fidelidade aos detalhes físicos do retratado.
Anateresa Fabris (Identidades virtuais: uma leitura do retrato fotográfico)
Enfoca a questão do retrato a partir de vários autores. Afirma que “todo retrato é simultaneamente um ato social e um ato de sociabilidade: nos diversos momentos de sua historia obedece a determinadas normas de representação que regem as modalidades de figuração do modelo, a ostentação que ele faz de si mesmo e as múltiplas percepções simbólicas suscitadas no intercâmbio social. O modelo oferece à objetiva não apenas seu corpo, mas igualmente sua maneira de conceber o espaço material e social, inserindo-se em uma rede de relações complexas, das quais o retrato é um dos emblemas mais significativos.
Para John Tagg, o retrato é um signo dotado de dois objetivos fundamentais: descrição de um individuo e inscrição de uma identidade social. E o que é um auto-retrato?
Para Philippe Lejeune: o auto-retrato é uma encenação de si para o outro, como um outro.
Anne Beyarrt (Une sémiotique du portrait)
Se o portrait é um gênero da pintura que busca a representação semelhante de uma pessoa, carrega também consigo a questão de ausência. Para Alberti, em seu ” Tratado della pintura” (1435), o portrait tem a capacidade de tornar presente aquele que esta ausente, assim como tem a função de mostrar os mortos aos vivos.
Jean-luc Nancy (Le regard du portrait)
Um portrait, de acordo com a definição e descrição comuns, é a representação de uma pessoa considerada por ela mesma. Essa afirmação é tão correta quanto simples, mas está longe de ser suficiente. Ela define uma função ou uma finalidade: representar uma pessoa mesma e não por seus atributos ou atribuições, nem por seus atos nem por suas relações. O objeto do portrait é estritamente o sujeito absoluto, retirado de tudo que seja exterior a ele, ou que não tenha relação com ele mesmo. (Mas o que é sujeito absoluto?) O que é a pessoa? Um individuo. Uma pessoa por ela mesma como personagem? Como personalidade?, Mas por si mesma? Sem extensão nem restrição? Como podemos ver, um simples retrato traz consigo todas as questões da filosofia do sujeito. Para simplificar, o portrait é um quadro que se organiza ao redor de uma figura. Mas nem sempre um quadro que se organiza em torno de uma figura é considerado um portrait.
Um portrait é então um quadro que se organiza ao redor de uma figura, ao mesmo tempo em que ela é o propósito e o fim da representação, a exclusão de toda outra cena ou produto de todo outro valor ou representação. O verdadeiro portrait é o que os historiadores de arte designam na categoria de “portrait autônomo”. Aquele em que a figura representada não está desenvolvendo nenhuma ação, e não manifesta nenhuma expressão que possa se desviar de sua personalidade própria. Poderiamos dizer que o portrait autônomo deve ser – e dar- a impressão de um sujeito sem expressão. Quanto à ação, sem duvida é admissível: a própria ação do pintor, tal como aparece freqüentemente nos auto-retratos e em alguns casos nos portraits de um pintor pintado por outro. É, com efeito, a ação cuja representação forma ao mesmo tempo o retorno a si e que contribui para enfatizar a temática do quadro.
Então, o retrato não consiste simplesmente em revelar uma identidade, um “eu”. Sem duvida, é sempre isso que é buscado: um desvendar do eu mas a figura retratada deve então organizar o quadro não somente em termos de equilíbrio, de linhas de força ou de cores, mas ainda de maneira que o quadro, em suma, possa representar ela mesma.
Mas não é suficiente então que o portrait se organize em torno so da figura, é necessario que se organize em torno de seu olhar.- em torno de sua visão ou de sua vidência. O que ele vê, ou o que ele deve ver ou olhar? Esse é o cerne da questão.
Mas é a figura inteira que faz o olhar e não somente o olho isolado. Ao mesmo tempo, o portrait não é proibido de mostrar o resto do corpo, contanto que esteja em sintonia com o olhar. Podemos perceber ainda que as mãos, sem duvida,organizam também alguma coisa do sujeito.
É possível ainda dizer que as figuras sejam muitas, um grupo. Torna-se importante observar que a característica de um retrato de grupo seja sempre o desencontro de olhares: eles não se encontram e nem mesmo se procuram. Seus olhares devem permanecer sem relação mutua, eles não dividem entre si mais que a autonomia de cada um.
O portrait se articula em três tempos: o portrait se assemelha (a mim), o portrait se relaciona (comigo), o portrait (me) olha.
Edouard Pommier (Théorie du portrait: de la Renaissance aux Lumières)
As definições que os primeiros dicionários dão do portrait são simples: uma imagem do homem “ao natural”. Esta simplicidade não é portanto, mais que aparência. Desde o inicio do século XV, o portrait se tornou objeto de uma abundante e contraditória literatura. Na Itália, depois em outras partes, essas controvérsias vão durar até o fim do século XVIII . Por um lado é exaltado seu valor memorável e mimético. Por outro, é criticada suas finalidades, quer sejam elas de ordem social, filosófica, moral ou religiosa. O portrait como gênero pictural acompanha paralelamente as mudanças que afetam vez por outra o valor dos modelos e a maneira de os representar.
André Gunthert (Editor da revista francesa études Photographiques)
Uma coisa é certa, o que mais chama a atenção no retrato é a sua convenção estética.
Elementos básicos que caracterizam a imagem fotográfica de modo geral: forma, linha, padrão e textura, observando como cada um afeta a percepção da fotografia.
Observar ainda: composição, equilíbrio, enquadramento e ponto de vista.Já que em fotografia a fonte da imagem é a luz, observar sua origem, intensidade, direção.
Forma – Contorno básico de um objeto. Podem funcionar às vezes sendo isoladas contra um fundo neutro, como é o caso do portrait de estúdio.
Linhas – são caminhos para os olhos, mostram direções e distâncias, descrevem contornos da forma e definem limites. As linhas são muito importantes em fotografia pois podem conduzir o espectador ao centro de interesse das fotos. Podem também realçar força e ação.
Padrões – quando linhas, formas ou cores semelhantes se repetem e sugerem ritmos.
Texturas – Revela a natureza da superfície e produz uma forte impressão de realidade. Remete-nos ao tato. Ajuda a transmitir a sensação de volume e de peso
Composição – é uma versão plana da realidade. O que nos fornece a dimensão do espaço, que nos permite determinar tamanhos e proporções dos objetos da cena. O fotografo pode aproximar-se ou afastar-se do motivo, ir para um lado ou para outro, levantar ou abaixar a câmara, etc....
Equilíbrio – o peso visual dado aos vários elementos dentro do campo. (simetria, assimetria, centralização, contraste de cores e luzes;claro-escuro. Regra dos terços.
Ponto de vista – pode ser alterado mudando-se a posição da câmara.
Na altura dos nossos olhos: dá sensação de realidade;
De baixo: evoca domínio e poder;
De cima: parecem insignificantes.
Enquadramento: Recurso de composição em que se pode criar uma moldura dentro da foto. É um meio eficiente de dirigir o olhar do observador.
Iluminação : é a alma da fotografia, o equivalente das tintas do pintor.
Para sua composição, observar:
O olhar
O corpo
Mãos e pernas
A pose
O ambiente (atmosfera a ser transmitida)
A locação
Iluminação
O equipamento fotográfico
A relação modelo/fotógrafo
A forma de exibição
A função
Questões que suscita:
O olhar
A relação modelo/fotógrafo/espectador
Função e uso
Identidade
Intimidade
Interioridade/exterioridade/ imagem autônoma, etc....
Realidade/Ficção
Dicionário Aurélio
Retrato – Representação da imagem de uma pessoa real, pelo desenho, pintura, gravura, etc; ou pela fotografia. 2 – obra de arte cujo assunto é o retrato. 3 – Representação falada ou escrita de uma pessoa (ou de seu caráter), de uma, coisa, etc, descrição. 4 – Fotografia, ex: tirou retratos dos principais pontos turísticos. 5 – Figura, imagem, efígie de alguém.
Coleção Time Life de Fotografia
O portrait, para não mentir, deve revelar o caráter por trás da face do modelo pois o caráter é a essência da arte do portrait, deixando até para segundo plano a fidelidade aos detalhes físicos do retratado.
Anateresa Fabris (Identidades virtuais: uma leitura do retrato fotográfico)
Enfoca a questão do retrato a partir de vários autores. Afirma que “todo retrato é simultaneamente um ato social e um ato de sociabilidade: nos diversos momentos de sua historia obedece a determinadas normas de representação que regem as modalidades de figuração do modelo, a ostentação que ele faz de si mesmo e as múltiplas percepções simbólicas suscitadas no intercâmbio social. O modelo oferece à objetiva não apenas seu corpo, mas igualmente sua maneira de conceber o espaço material e social, inserindo-se em uma rede de relações complexas, das quais o retrato é um dos emblemas mais significativos.
Para John Tagg, o retrato é um signo dotado de dois objetivos fundamentais: descrição de um individuo e inscrição de uma identidade social. E o que é um auto-retrato?
Para Philippe Lejeune: o auto-retrato é uma encenação de si para o outro, como um outro.
Anne Beyarrt (Une sémiotique du portrait)
Se o portrait é um gênero da pintura que busca a representação semelhante de uma pessoa, carrega também consigo a questão de ausência. Para Alberti, em seu ” Tratado della pintura” (1435), o portrait tem a capacidade de tornar presente aquele que esta ausente, assim como tem a função de mostrar os mortos aos vivos.
Jean-luc Nancy (Le regard du portrait)
Um portrait, de acordo com a definição e descrição comuns, é a representação de uma pessoa considerada por ela mesma. Essa afirmação é tão correta quanto simples, mas está longe de ser suficiente. Ela define uma função ou uma finalidade: representar uma pessoa mesma e não por seus atributos ou atribuições, nem por seus atos nem por suas relações. O objeto do portrait é estritamente o sujeito absoluto, retirado de tudo que seja exterior a ele, ou que não tenha relação com ele mesmo. (Mas o que é sujeito absoluto?) O que é a pessoa? Um individuo. Uma pessoa por ela mesma como personagem? Como personalidade?, Mas por si mesma? Sem extensão nem restrição? Como podemos ver, um simples retrato traz consigo todas as questões da filosofia do sujeito. Para simplificar, o portrait é um quadro que se organiza ao redor de uma figura. Mas nem sempre um quadro que se organiza em torno de uma figura é considerado um portrait.
Um portrait é então um quadro que se organiza ao redor de uma figura, ao mesmo tempo em que ela é o propósito e o fim da representação, a exclusão de toda outra cena ou produto de todo outro valor ou representação. O verdadeiro portrait é o que os historiadores de arte designam na categoria de “portrait autônomo”. Aquele em que a figura representada não está desenvolvendo nenhuma ação, e não manifesta nenhuma expressão que possa se desviar de sua personalidade própria. Poderiamos dizer que o portrait autônomo deve ser – e dar- a impressão de um sujeito sem expressão. Quanto à ação, sem duvida é admissível: a própria ação do pintor, tal como aparece freqüentemente nos auto-retratos e em alguns casos nos portraits de um pintor pintado por outro. É, com efeito, a ação cuja representação forma ao mesmo tempo o retorno a si e que contribui para enfatizar a temática do quadro.
Então, o retrato não consiste simplesmente em revelar uma identidade, um “eu”. Sem duvida, é sempre isso que é buscado: um desvendar do eu mas a figura retratada deve então organizar o quadro não somente em termos de equilíbrio, de linhas de força ou de cores, mas ainda de maneira que o quadro, em suma, possa representar ela mesma.
Mas não é suficiente então que o portrait se organize em torno so da figura, é necessario que se organize em torno de seu olhar.- em torno de sua visão ou de sua vidência. O que ele vê, ou o que ele deve ver ou olhar? Esse é o cerne da questão.
Mas é a figura inteira que faz o olhar e não somente o olho isolado. Ao mesmo tempo, o portrait não é proibido de mostrar o resto do corpo, contanto que esteja em sintonia com o olhar. Podemos perceber ainda que as mãos, sem duvida,organizam também alguma coisa do sujeito.
É possível ainda dizer que as figuras sejam muitas, um grupo. Torna-se importante observar que a característica de um retrato de grupo seja sempre o desencontro de olhares: eles não se encontram e nem mesmo se procuram. Seus olhares devem permanecer sem relação mutua, eles não dividem entre si mais que a autonomia de cada um.
O portrait se articula em três tempos: o portrait se assemelha (a mim), o portrait se relaciona (comigo), o portrait (me) olha.
Edouard Pommier (Théorie du portrait: de la Renaissance aux Lumières)
As definições que os primeiros dicionários dão do portrait são simples: uma imagem do homem “ao natural”. Esta simplicidade não é portanto, mais que aparência. Desde o inicio do século XV, o portrait se tornou objeto de uma abundante e contraditória literatura. Na Itália, depois em outras partes, essas controvérsias vão durar até o fim do século XVIII . Por um lado é exaltado seu valor memorável e mimético. Por outro, é criticada suas finalidades, quer sejam elas de ordem social, filosófica, moral ou religiosa. O portrait como gênero pictural acompanha paralelamente as mudanças que afetam vez por outra o valor dos modelos e a maneira de os representar.
André Gunthert (Editor da revista francesa études Photographiques)
Uma coisa é certa, o que mais chama a atenção no retrato é a sua convenção estética.
Elementos básicos que caracterizam a imagem fotográfica de modo geral: forma, linha, padrão e textura, observando como cada um afeta a percepção da fotografia.
Observar ainda: composição, equilíbrio, enquadramento e ponto de vista.Já que em fotografia a fonte da imagem é a luz, observar sua origem, intensidade, direção.
Forma – Contorno básico de um objeto. Podem funcionar às vezes sendo isoladas contra um fundo neutro, como é o caso do portrait de estúdio.
Linhas – são caminhos para os olhos, mostram direções e distâncias, descrevem contornos da forma e definem limites. As linhas são muito importantes em fotografia pois podem conduzir o espectador ao centro de interesse das fotos. Podem também realçar força e ação.
Padrões – quando linhas, formas ou cores semelhantes se repetem e sugerem ritmos.
Texturas – Revela a natureza da superfície e produz uma forte impressão de realidade. Remete-nos ao tato. Ajuda a transmitir a sensação de volume e de peso
Composição – é uma versão plana da realidade. O que nos fornece a dimensão do espaço, que nos permite determinar tamanhos e proporções dos objetos da cena. O fotografo pode aproximar-se ou afastar-se do motivo, ir para um lado ou para outro, levantar ou abaixar a câmara, etc....
Equilíbrio – o peso visual dado aos vários elementos dentro do campo. (simetria, assimetria, centralização, contraste de cores e luzes;claro-escuro. Regra dos terços.
Ponto de vista – pode ser alterado mudando-se a posição da câmara.
Na altura dos nossos olhos: dá sensação de realidade;
De baixo: evoca domínio e poder;
De cima: parecem insignificantes.
Enquadramento: Recurso de composição em que se pode criar uma moldura dentro da foto. É um meio eficiente de dirigir o olhar do observador.
Iluminação : é a alma da fotografia, o equivalente das tintas do pintor.
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