quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ciclo de palestras e workshops de fotografia começa na quinta, dia 22

© Foto de Roberto Schmitt-Prym

O ciclo de palestras "Fotografia Contemporânea: Arte e Pensamento" tem por objetivo apresentar e discutir trabalhos de artistas influentes na atualidade.Além das conferências, o ciclo oferece também dois workshops gratuitos.

Programação
22/10 - Arthur Omar
Hora: 16h30 às 18h30
Local: Salão Moniz de Aragão

29/10 - Leandro Pimentel
Hora: 16h30 às 18h30
Local: Salão Pedro Calmon


05/11 - Vik Muniz
Hora: 16h30 às 18h30
Local: Salão Dourado


10/11 - Danusa Depes
Hora: 16h30 às 18h30
Local: Salão Dourado


17/11 - Thiago Barros
Hora: 16h30 às 18h30
Local: Salão Moniz de Aragão


Workshops Sextas livres
23/10 - Pinhole com Leandro Pimentel
Hora: 14/17 horas
Local: Laboratório fotográfico CPM /ECO


06/11 - Grande formato com César Barreto
Hora: 14/17 horas
Local: Laboratório fotográfico CPM/ECO


Organização: Victa de Carvalho e Antonio Fatorelli



terça-feira, 13 de outubro de 2009

O retrato de Ludovic Carème

© Foto de Fernando Rabelo. O fotógrafo francês Ludovic Carème em sua oficina no 5º Paraty em Foco.

Por Teresa Bastos

O fotógrafo francês Ludovic Carème levou para o 5º Paraty em Foco um pouco da sua grande experiência como retratista que busca em seus modelos algo que esteja além da pose que nossas máscaras sociais costumam imprimir na imagem. Carème trabalha para várias publicações brasileiras e estrangeiras, como o jornal Libération, Le Monde, Elle, Vogue Brasil, Rolling Stone, The New York Times, Télerama, Folha de São Paulo, Bravo, L’Express, La Republica Del Donne,The Independent, l’Equipe Magazine, Marie Claire, Trip e Revista Mag. O que o faz ser tão requisitado, segundo ele, é sua marca autoral. “Quando sou contratado para fotografar determinada personalidade, os editores já supõem o que receberão, pois me chamam exatamente por conhecerem o meu trabalho. Normalmente tenho plena liberdade para fazer o retrato que eu quero”, conta Carème. E o que está por trás do conceito da foto de Carème é exatamente a intimidade, a palavra mais discutida quando a questão é retrato. Ao olharmos suas fotos, sentimos muito próximos de seus modelos e essa é sua grande marca. Ele não usa zoom, fotografa de bem perto mesmo, fala ao pé de ouvido e muitas vezes até toca o modelo para desconcertá-lo, ou para provocá-lo, para obter um olhar, um sorriso, ou um gesto que vá além do que habitualmente mostra. “Posso ser autoritário, mas normalmente ator e modelo fazem pose programada para você e o trabalho do fotógrafo é justamente quebrar isso”, completa.

Em seu workshop o francês, radicado em São Paulo, exibiu retratos de sua autoria, tecendo comentários sobre cada um. Contou por exemplo que o portrait de John Malkovich foi inspirado em um de seus personagens e agradou profundamente o ator que, após esse registro feito por Carème, solicita aos editores que o publiquem quando forem falar dele. Ludovic mostrou ainda portraits de Pelé, Carla Bruni, Oliver Stone, Costa-Gavras, David Cronenberg entre muitos outros. A respeito da foto de Omar Bongo, presidente do Gabão comentou que buscou colocá-lo em frente ao mapa mundi e teve que ter muita determinação para conseguir o que queria, pois o presidente não estava de acordo, queria mesmo era uma foto protocolar. Aliás, depois do Tetê-à-tête que estabelece com seus modelos, a determinação foi considerada por Carème um traço de sua personalidade que lhe proporciona portraits repletos de identidade pessoal. “Antes de ir para uma sessão de fotos imagino uma cena para o retratado. Muitas vezes acontece tudo diferente do que havia pensado, pois foto é troca, mas é muito raro sair de lá com a sensação de que não funcionou. Sou muito determinado e por isso a frustração raramente acontece”, explica.

Ludovic Carème trabalha com médio formato, uma Hasselblad analógica. Faz poucos cliques, revela o filme, faz o contato e prefere o papel ao computador para fazer a edição de suas imagens. Na maioria das vezes altera a sensibilidade e a revelação do filme. Em seu workshop Carème exibiu ainda um trabalho que fez na Nigéria em 2004, para o qual ficou um mês e meio e quis fotografar um pouco da juventude daquele país e também do Camboja, onde retratou pessoas de rua e anônimos. Com um olhar sensível às minorias, Ludovic fotografou ainda anônimos e travestis antes de saírem para a balada, na rua Augusta, em São Paulo

Carème cria uma empatia com seus modelos e busca também deixar que eles se acostumem à sua presença para obter registros mais próximos ao espontâneo. Ele tem grande paixão pelo retrato e encontra no gênero a possibilidade de encontrar as pessoas. Talvez os retratos para Carème sejam o que a literatura foi para Rimbaud, autor de uma das mais simples e enigmáticas frases: “Eu é um outro” que significa, antes de mais nada, que o eu rimbaudiano é múltiplo, vário, escorregadio, móvel, fragmentado. Os vários retratos de Carème dão conta da multiplicidade dos “eus” que o fotógrafo enfrenta ao exercer a sua arte. Acesse o site de Ludovic Carème Aqui