sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Que retratos vemos hoje? Com que olhos?

₢ Chuck Close, 2003

Aula 26: 24 de novembro

Nos jornais, bonecos ou estigmas identitários. Na publicidade, vendendo e chamando nossa atenção para produtos.Na arte, como expressão subjetiva do artista, ou como desconstrução da representação. Nos blogs, para contar do final de semana, apresentar amigos, “demonstrar intimidade pública”. Com um tom social, para lembrarmos da “realidade” em que vivemos . Com tom irreverente, arrogante, obtuso, aproveitando-se do feio, exagerando no belo, construindo cenas, traduzindo catástrofes e desgraças. O retrato está, parafraseando Susan Sontag, “promiscuamente em tudo”, e é o próprio espelho da fotografia. Ele invade o tempo, desnorteia o real, inventa contextos e registra o documental. É um gênero que passeia pela história e guarda em suas características ora a maneira oitocentista de se traduzir em imagem, ora em tom contemporâneo. Usos sem fim. Possibilidades que destacam o rosto como local de representação do tempo, dos sentimentos, das máscaras, das ausências e do vazio. O gênero permite o que quisermos fazer dele. Haja visto o que podemos em uma pequena lista de autores: Sebastião Salgado, Rosângela Rennó, Vick Muniz ,Anabella Geiger, Arthur Omar, Julia Cameron, Nadar, Disdéri, Cartier-Bresson, Denise Colomb, Chuck Close, Cindy Sherman, David Lachepelle, Florence Chevallier, Gillian Wearing, Isabelle Aternaux, Marc Trivier, Philippe Pache, Orlan, Rafael Goldchain, Tina Barney, Sarah Moon e muitos mais...

domingo, 23 de novembro de 2008

Aula 25: 19 de novembro

© Imagem do filme Blow –Up, de Michelangelo Antonioni (1966)


Ampliação no laboratório das fotos externas produzidas em preto e branco a partir do tema melancolia. As imagens já estão disponíveis na parte "Fotos das aulas".

Aula 24: 17 de novembro 2008

© Retrato de Richard Avedon
Livro de Susan Sontag Sobre fotografia.
Capítulo: “Evangelhos Fotográficos”
Nesse capítulo, a escritora americana tece considerações sobre a opinião contraditória dos fotógrafos em relação ao tipo de conhecimento que possuem e ao tipo de arte que praticam. Ela cita e fala da obra de mais de 30 fotógrafos. Ela começa citando Félix Nadar, por exemplo, que dizia que fotografava melhor as pessoas que conhecia. Já Richard Avedon, fotografava para conhecer e preferia fotografar desconhecidos. Sontag passeia por esse tema e por vários outros como pela questão da fotografia como “expressão verdadeira” e como “registro fiel” da realidade. Instiga ainda sobre o assunto: fotógrafos são predadores? Discorre sobre a história da fotografia e como quanto mais evoluímos a tecnologia, mais às vezes buscamos o passado e o reinventamos; além de pensar sobre a relação da fotografia e o museu, questões de autoria, crítica fotográfica, relação fotografia e pintura e a eterna discussão de arte e fotografia. Algumas passagens interessantes: “Fotografia como “expressão verdadeira “ e como “registro fiel” (...) ou “manifestação do eu” que domina a realidade ou mediante “compilação visual” dessa realidade. Ou é um meio de encontrar um lugar no mundo. Mas ambos supõem que a fotografia nos mostra a realidade como NÃO a víamos antes. Esse caráter revelador passa pelo nome polêmico de realismo”. “Fotógrafo como observador ideal, seja com isenção de pesquisador, seja como homem comum das ruas”. “Para Ansel Adams a câmera é um instrumento de amor e revelação onde se deve substituir o verbo “tirar” por “fazer” fotos. Para ele, uma foto não é um acidente, é um conceito”. Para Minor White, todo retrato é um auto-retrato do fotógrafo”... Para Dorothea Lange, o fotógrafo projeta a si mesmo em tudo que vê.” Fotografia é ou não arte? “Quanto melhor a arte, mais subverterá os objetivos tradicionais da arte” (..) Boa parte do enorme prestígio adquirido pela fotografia como forma de arte decorre de sua declarada ambivalência quanto a se tornar uma arte”. (...) “A carreira da fotografia no Museu apresenta a fotografia como uma coleção de intenções e de estilos simultâneos que, por mais diferentes que se mostrem, não são absolutamente entendidos como contraditórios.” Fotojornalimso: “tais fotos têm seu poder como imagem (ou cópias) do mundo, e não da consciência individual de um artista”. Autoria: “Na fotografia, o assunto sempre prevalece, e assuntos diferentes criam abismos instransponíveis entre um período e outro no vasto corpo de uma obra, confundindo a assinatura.” “O conflito de interesses entre objetividade e subjetividade, entre demonstração e suposição é insolúvel: embora a autoridade de uma fotografia sempre dependa da relação com o tema (de ser foto de alguma coisa) todas as pretensões da fotografia como arte devem enfatizar a subjetividade da visão. (ex: Weston) “Fotos novas modificam a maneira como vemos as fotos do passado..” “Uma vez que a fotografia toma o mundo inteiro como seu tema, existe espaço para todo tipo de gosto”. “Abrigar fotógrafos em escolas ou em movimentos parece um tipo de mal entendido”. “Pois é da própria natureza da fotografia ser uma forma de ver promíscua e, em mãos talentosas, um meio de criação infalível.”

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Aula 23: 12 de novembro


Foto de Julia Wiltgen Castello da Costa. Modelo:Sarah Gil do Amaral

Conversa sobre a experiência da produção das fotos externas e em estúdio, onde ficou evidente para todos como a mudança de propostas possibilita vivências e resultados muito díspares. A importância do conhecimento de iluminação e prévia idéia da foto a ser criada em estúdio. A dificuldade de andar pela Faculdade tentando clicar imagens que se enquadrem numa temática. Ou, como contaram alguns alunos, como transformar uma atmosfera que à primeira vista não teria nada de melancólica, mas que através dos recursos de enquadramento, luz e imaginação adequou-se ao tema.
O que é melancolia? Cada um lançou mão de seu subjetivismo para expressar, através da imagem fotográfica, como traduzia esse sentimento. Triteza e depressão para uns; contemplação e profundidade para outros; prostração e inércia. Intimidade e nostalgia.... Cada um buscou a sua e, no final, ao olharmos toda produção da turma, editarmos as mais significativas de cada um, fizemos a votação para eleger a imagem que mais se aproximou do que atribuímos melancolia.
A foto vencedora (publicada acima) é de autoria da Julia e a modelo, Sarah. O processo de edição foi regado à música: "Gymnopedie", de Erik Satie e "Hallelujah", de Jeff Buckley, do filme Edukators. As imagens selecionadas estarão disponíveis no blog em breve.
As imagens foram concebidas a partir do que cada um imaginou, sentiu, idealizou, sobre melancolia. Não tivemos muito tempo para a realização da foto, nem fizemos exaustivas pesquisas a respeito do assunto. Algumas frases sobre o que venha a ser melancolia:
Marcelo Brazil - solidão e isolamento, luz e sombra, expressão de tristeza e prostação
Renata Miranda - olhar é a marca registrada da melancolia. Olhar perdido, para baixo, inclinação da cabeça.
Adriano - sentimento que dá vontade de fugir...faz com que tenhamos a sensação de que não cabemos no nosso corpo.
Giuliana -memória de coisas boas ou ruins. Olhar perdido, distante, dúvida, conflito.
Carina - tristeza, saudade, a imagem do palhaço que traz impressão de alegria, mas que na verdade é muito triste.
Erick - nostalgia. O tema o levou a lembrar de quando tinha cabelos longos e o impacto de quando os cortou.
Camila - contemplação, sensação de que o tempo está parado.
Louise -momento de intimidade, de reclusão, de se voltar para suas próprias coisas. Tranco-me no quarto, vejo minhas fotos e com eles, a tradução do tempo.
Juliana - algo íntimo...você se sente sozinha no canto.
Sarah - lembrança, nostalgia.
Julia - tristeza que te desanima e te dá vontade de desistir.Inércia.
Mariana - Tristeza que dura.
Priscilla - ausência de alguma coisa e de vida.Como o olhar transmite vida, não quis pegar o olhar do meu modelo..
Micael - nostalgia de coisas passadas ou que você sonha.
Marcelo Dantas - Sentimento de tristeza de não estar no lugar certo.
Clique aqui para ver as fotos produzidas: http://picasaweb.google.com/Portraitretrato/FotosDoTemaMelancoliaEmEstDio#



Aula 22: 10 de novembro

Foto de Louise Gonzaga Alves Palma. Modelo: Camila Magalhães Lamha
Segunda etapa da produção de fotos com o tema Melancolia no estúdio e externa.
Cada aluno tirou em média 10 fotos de estúdio e 12 preto e brancas que serão ampliadas no laboratório dia 19 de novembro, próxima quarta-feira.

Aula 21: 29 de outubro


Produção de fotos com o tema melancolia no estúdio e no campus. A turma foi dividida em duas e uma parte fez externa, em papel preto e branco e outra fez digital no estúdio. As músicas da sessão foram: trilha sonora do filme "Amélie Poulan" e "At first sight". Contamos com a ajuda do monitor de estúdio Ivo, que acompanhou com a maior presteza e disponibilidade as duas sessões. Super obrigada Ivo!!!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Aula prática de Melancolia terá presença do fotógrafo Fernando Rabelo


Para as duas aulas de estúdio e externa com o tema Melancolia, vamos contar com a presença do fotógrafo Fernando Rabelo, que trabalhou para os principais jornais do país como O globo, Folha de São Paulo, Estado de São Paulo e ficou durante 13 anos no Jornal do Brasil, do qual foi editor de Fotografia. Fernando trabalhou ainda para a Editora Record, onde fazia retratos de divulgação de escritores, foi um dos coordenadores de fotografia dos Jogos Panamericanos e atualmente é free-lancer. Recentemente acompanhou o candidato à Prefeitura do Rio pelo PT, Alessandro Molon, nas últimas eleições. É editor do blog sobre fotografia http://www.imagesvisions.blogspot.com/, que acaba de completar um ano de postagens diárias e ininterruptas e também autor do livro Tributo à Lagoa, editado em 2000. Sua mais recente exposição “Imagens de um flâneur brasileiro em Paris”, que foi inaugurada no ano passado no Centro Cultural Justiça Federal no Rio, está sendo exibida nas Alianças Francesas de 14 capitais brasileiras. Fernando irá acompanhar um pouco do trabalho no estúdio e no campus.
Aproveitem essa participação valiosa!!!!

Melancolia


Para as duas próximas aulas, dia 29 de outubro, quarta-feira e 10 de novembro, segunda-feira, a turma será dividida em duas e iremos produzir retratos cujo tema é:melancolia.

O link http://saisdeprata-e-pixels.blogspot.com/2007/11/evoluo-da-melancolia.html traz comentários em português , resumo e imagens da exposição "Mélancolie, génie et folie en Ocident", que me inspirou para sugerir o assunto. O catálogo está na pasta. A intenção do trabalho é que cada um crie um retrato que expresse melancolia. O tema é amplo, profundo e pleno de signos, interpretações e representações visuais. Os que quiserem se inspirar deliberadamente em imagens já criadas parodiando-as ou recriando, copiando...Nosso desafio, no entanto, será deslocar da questão da identidade (nosso último exercício), de reconhecer no outro alguém conhecido ou desconhecido, para, nesse caso, retratar um sentimento, um estado de espírito, um tema que atravessa a história do ocidente desde a Antiguidade. Com diferentes nomes, formas, a melancolia desperta o interesse de médicos, filósofos , artistas, escritores.

No dia 29
Turma do estúdio: Louise, Micael, Marcelo Brazil, Marcelo Dantas, Erik,Camila, Alexandre, Aline, Juliana.

Turma de externa: Sarah, Julia, Mariana, Priscilla, Giuliana, Adriano, Renata Miranda, Luíza Magalhães, Guilherme e Carina.

Na aula seguinte alternam-se as turmas.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Aula 20 : 22 de outubro


Aula 19: 20 de outubro


Palestra do fotógrafo convidado : Aguinaldo Ramos
Vice-presidente da ARFOC - Rio.

O retrato no fotojornalismo
Para Aguinaldo Ramos, “na hora de fotografar, a importância relativa do fotografado não é questão tão fundamental assim para o fotojornalista... Ele está acostumado a tratar todas as pessoas como iguais. Pelo menos, as que entram naquele pequeno espaço retangular à frente de sua câmara e do seu clique. O desafio que lhe é constante é a “grande foto”. Qualquer assunto pode dar uma
grande foto, não é necessariamente o tema que fará a diferença. No caso do retrato, não é preciso que o fotografado seja uma celebridade(...)
O repórter-fotográfico entende que há um espaço a ocupar, que suas escolhas se
tornarão a fotografia que a sua máquina vai registrar. Assim, não vê apenas a pessoa à sua frente, mas também suas (de ambos) circunstâncias. Não deixa jamais de ficar atento ao entorno, ao ambiente, aos movimentos, em seus aspectos físicos e nos sentidos simbólicos. Os objetos disponíveis, se não sugerem significados correlatos às atividades ou às condições do fotografado (digamos, um caminhão atrás de seu motorista...), servirão, ao menos, para algum
jogo visual que diferencie sua foto em relação a outras possíveis (entre infindáveis
alternativas, por exemplo, deixar cair sombras sobre uma pessoa desanimada ou triste).
Muitas vezes desvalorizado pelo próprio fotojornalista (e sequer considerado
fotojornalismo em algumas instâncias, aquelas que supervalorizam o registro dos fatos em sua dinâmica), o retrato é uma categoria em geral tão pouco prestigiada, que chega a ter entre os repórteres-fotográficos um apelido pejorativo: “boneco”...
”Fazer um boneco”, como diz o jargão fotojornalístico, é expressão usada com
freqüência nas redações. Sua aplicação começa no momento em que o repórter-fotográfico recebe a tarefa (para ele, em geral) ingrata de sair da redação e, às vezes, atravessar grande parte da cidade para fotografar não mais do que uma única pessoa. Continua quando esta pessoa (que não estará fazendo nada de especial, a não ser esperá-lo chegar...) simplesmente olha para a câmara do fotógrafo e abre seu melhor sorriso, à espera do clique. Ou, quando elaaceita qualquer sugestão do fotógrafo, por mais estranha que possa parecer, desde plantar bananeira até subir no telhado, o que só acontecerá, porém, se estiver convicta de que terá muito a ganhar com a promoção de sua imagem após a publicação da fotografia. E pode terminar com o retorno à redação do, a essa altura, mal-humorado profissional, quando ouvirá dos colegas relatos entusiasmados sobre as grandes fotos que acabaram de fazer, registros dos
principais acontecimentos da cidade, fotos candidatas à primeira página...
Este seria o ponto de vista de repórteres-fotográficos empregados na imprensa,
funcionários de um jornal diário. Disputando espaço nas páginas, não é de estranhar que desenvolvam alguma resistência à tarefa, para eles prosaica, de “fazer bonecos”, de tirar retratos...
Para os fotógrafos de revistas, o retrato é tarefa mais habitual e também mais
valorizada. Numa revista, não é difícil que a principal fotografia de uma edição seja um retrato e é muito freqüente que venha a se tornar a própria capa.
Para um terceiro grupo, os free-lancers (autônomos que ganham pelas “saídas”158 que realizam), fazer um retrato, sendo trabalho remunerado, não é um desmerecimento, tem até suas vantagens... “Bonecos” costumam ser as mais fáceis e mais rápidas tarefas, dentre todas as que podem ser solicitados pelas redações, e esta boa relação custo-benefício também tem o seu valor...
O “boneco” no fotojornalismo
Será o boneco, o retrato, uma forma de fotojornalismo?... Evidente que sim. Em
primeiro lugar, considere-se que no fotojornalismo não há, praticamente, distinção entre o retrato e a reportagem propriamente dita. Toda reportagem, no seu transcorrer, tende a incluir retratos. Ainda que a matéria não se prenda a pessoas ou grupos (por exemplo, na cobertura de um evento tipicamente coletivo, um dia de sol na praia), é quase certo que no andamento do trabalho surgirão “personagens”, pessoas que, pelas suas declarações ao repórter ou por
seus gestos ou atos, ganharão destaque no texto. E faz todo sentido, para o resultado da reportagem, que sejam fotografadas individualmente.
Quando a indicação da tarefa é fotografar uma única pessoa, durante uma entrevista ou
para ilustrar declaração prévia ou mérito específico, estamos no âmbito do “boneco”, do retrato para fins jornalísticos. De um modo geral, não chega a haver contestação formal contra o caráter fotojornalístico deste tipo de tarefa, mas cabe, neste momento, relembrar a
resistência que muitos repórteres-fotográficos têm a ela.
A grande restrição (quando chega a ser explicitada) aparece na reclamação, um pouco mais sofisticada, de que se trata de uma fotografia em que não se faz o registro de, para tentar, simploriamente, definir o que é notícia um fato em progressão, de um acontecimento, de um evento. Ao contrário, não está acontecendo nada: o fotógrafo é que tende a criar a imagem. Contra tal argumentação é suficiente fazer uma comparação entre retratos e as reportagens do tipo ambiental ou turística, quando, nestas, são fotografados, por exemplo, os amplos espaços de uma região despovoada: nos termos restritos de fotojornalismo sugerido por esta posição, também não está acontecendo praticamente nada... No caso do retrato, pelo menos, o objeto da foto, a sua matéria-prima, é um outro ser humano.
A dificuldade principal
São prolegômenos... O grande problema do retrato parece ser a quase ausência de barreiras entre o fotógrafo e o fotografado. Diga-se logo, é um incômodo mútuo: os fotografados poderão se sentir altamente invadidos, os fotógrafos também terão que superar limitações interiores... Esta proximidade excessiva pode, muitas vezes, ser desagradável, às vezes até forçada, para ambos os lados. E talvez seja este o grande problema a envolver o retrato. Uma das grandes qualidades do fotojornalista costuma ser a frieza diante do fato, uma quase indiferença, resultado de um treinamento emocional que a própria prática lhe dá. Na tarefa do retrato encontramos situações de timidez, vergonha, intimidação, irritação, para citar
algumas... Muitos fotógrafos dizem ser mais cômodo fotografar, por exemplo, um tumulto de rua a “fazer um boneco”. Muitos fotografados sentem-se melhor em falar para uma grande platéia do que em posar para um retrato...
Evidentemente, é a ênfase negativa, a das dificuldades. Para outros fotógrafos, um
retrato é um manancial. Estes se sentem completamente à vontade, fazem do retrato uma especialidade, a sua epifania. Questão de personalidade, de aprendizado das técnicas e até, em certas histórias de vida, de falta de opções... Importa acreditar que fazer um retrato não é uma
forma de tortura contra o fotografado, nem um gesto de autoflagelação do fotógrafo. Logo por isto (independente do resultado que se consiga ou do uso que se dê), o retrato já demonstra ter características do fotojornalismo. Fazer o retrato de uma pessoa qualquer com quem não se tem vínculos afetivos ou comerciais é, em toda a sua máxima expressão, trabalho para um repórter-fotográfico.

FORMAS DO RETRATO FOTOJORNALÍSTICO
Mas, o boneco... (é hora de abandonar o termo, por conta da qualidade do que temos à frente), digo, o retrato também pode resultar em fotos muito especiais, muitas delas, sem dúvida, merecedoras do epíteto “históricas”. Mas, o que pode fazer de um retrato uma foto histórica?... Pelas escolhas dos depoentes, a resposta mais propícia é, aparentemente, “a personalidade do entrevistado”...



Aula 18:13 de outubro


Exibição e comentários sobre o documentário "Janela da alma", de João Jardim e Walter Carvalho
Sinopse: Dezenove pessoas com diferentes graus de deficiência visual, da miopia discreta à cegueira total, falam como se vêem, como vêem os outros e como percebem o mundo. O escritor e prêmio Nobel José Saramago, o músico Hermeto Paschoal, o cineasta Wim Wenders, o fotógrafo cego franco-esloveno Evgen Bavcar, o neurologista Oliver Sacks, a atriz Marieta Severo, o vereador cego Arnaldo Godoy, entre outros, fazem revelações pessoais e inesperadas sobre vários aspectos relativos à visão: o funcionamento fisiológico do olho, o uso de óculos e suas implicações sobre a personalidade, o significado de ver ou não ver em um mundo saturado de imagens e também a importância das emoções como elemento transformador da realidade .
Alguns depoimentos presentes no filme:
" A maioria das imagens que vemos estão fora de contexto... Ter tudo em
demasia significa não ter nada. Temos tanta imagem que não prestamos
atenção em nada." (Win Wenders)
"De alguma forma somos cegos de sensibilidade, afeto e visão interior"(José Saramago)
"Olhando é tanta coisa ruim que a gente vê, que atrapalha a visão das coisas que a gente quer fazer na vida". (Hermeto Pascoal)
Comentário de Cristina Ribas, na revista Alceu, publicada pela PUC-Rio:
"O enfrentamento contemporâneo é uma flanêrie às avessas. São as imagens que correm,
desenfreadas, na frente dos passantes os quais, freqüentemente, se ressentem da conges-tão
de signos que não conseguem significar. Não ver, ou poder escolher o que enxergar
talvez configure uma rica possibilidade significativa. Ou uma questão de sobrevivência."

Aula 17; 8 de outubro

Comentários e entrega dos pré-projetos dos trabalhos finais
Alunos que vão fazer ensaio fotográfico:
Julia - Retratos de dança
Sarah - Paródia de retratos publicitários
Guilherme - Identidade e personagem
Luísa Magalhães - Identidade e personagem
Erick - Retratos de bailarinas
Alexandre - Questões de alma e identidade
Marcelo Dantas - Entre o profano e o religioso
Mariana - Identidade e cidade
Louise - Retrato e palhaço
Juliana - Texto e imagem de conhecidos e desconhecidos, corpo inteiro e rosto
Micael - Texto e imagem de conhecidos e desconhecidos, corpo inteiro e rosto
Marcelo Brazil - Retratos de Making off de vídeo
Priscilla - Fotos de aniversário infantil
Giuliana - A foto 3x4, questões de identidade e representação
Camila - Retratos sem rosto
Análise crítica
Carina - As fotografias de Bob Gruen e Anton Gorbijin e o mundo das celebridades
Adriano - Fotógrafo cujo trabalho tenha como marca o cuidado com a produção
Renata Miranda - David LaChapelle www.lachapellestudio.com
Aline - Christiano Júnior e os retratos de negros do século XIX
Já estão na pasta da Xerox alguns textos que podem ajudar na elaboração da reflexão e produção dos trabalhos.

Aula 16: 6 de outubro











Vivência fotográfica no Campus
Qual a sensação de retratar pessoas conhecidas e desconhecidas? O que muda? Como nos colocamos, ao fotografarmos e ser fotografados, diante do outro que conhecemos? Como nos aproximamos de quem desconhecemos "ainda" para fazermos a foto? Fotografar é conhecer? Que intimidade é possível? Depois da foto feita, o espectador percebe a diferença se o portrait é de um conhecido ou não?
A fotógrafa francesa Denise Colomb dizia: "eu não conheço as pessoas, eu as fotografo".
Foi para experimentar e pensar sobre essas questões que os alunos saíram a campo e no total foram produzidas mais de quatrocentas fotografias. Editamos cinquenta imagens que estão disponíveis no blog. Cada um retratou à sua maneira, com a própria câmera digital. A soma dos olhares de todos nos revela o cotidiano do campus com alguns de seus alunos, funcionários, visitantes e muitas histórias vividas e contadas......

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Os primeiros mecanismos fotográficos (início do séc. XIX):


Daguerreótipo (1835)
O invento de Daguerre (1787-1851) utilizava placas de cobre prateado com iodo, introduzindo vapores de mercúrio para as imagens capturadas. Era um equipamento que, superando os resultados do Diorama, deu uma melhoria à qualidade das imagens, graças a melhores ópticas, imprimindo perfeição aos detalhes e tons modelados.
Seus inconvenientes eram o peso e o preço elevados do material e de sua “farmácia”, além do cuidado de inverter direita/esquerda do objeto. O tempo de exposição era elevado: entre 15 e 30 minutos, afastando a execução de retratos.

Calótipo (1840)
Com esse invento patenteado por Talbot (1800-1877), conseguiu-se diminuir o tempo de exposição de 1 a 2 minutos. Desenvolveu a captura de imagens latentes que tinham uma maior facilidade de utilização, mais leveza, rapidez de execução e material resistente. O calótipo utilizava o papel com nitrato de prata e sal de cozinha para imprimir as imagens.
Pecava pela idéia de duplicação da imagem (primeiro extraia-se o negativo e depois o invertia para um resultado real desejado). Ainda, esse mecanismo era contraposto com a qualidade realística e documental do daguerreótipo, já que tinha um caráter mais artístico.

Colódio úmido (1851)

Inventada pelo inglês Frederick Scott (1813-1857), era um substância pegajosa de boa aderência em vidros, composta por algodão-pólvora dissolvido em éter alcoólico que, quando umedecido, absorvia bem o nitrato de prata.. Sendo o éter uma substância muito volátil o tempo desde a captação (30seg. a 2min.) até a revelação das imagens não passava de 15 min. Ainda a usando a superfície do papel.

Gelatino-brometo de prata (1878)

Nesse ano, Charles Harper Bennet(1840-1925) que avança sobre os estudos de Richard Maddox de substituir o colódio pela gelatina, aumenta consideravelmente nas suas experiências, a sensibilidade das placas, diminuindo o tempo de exposição para instantâneos de 25 centésimos de segundo. Usava principalmente o papel, mas já surgiam nos alternativas de forte ascensão como a celulose, semente dos filmes que tenderão a serem mais flexíveis, postos em rolos e tornarem os inventos mais portáteis e populares.

Aula 15: 1 de outubro


Texto: “O público moderno e a fotografia”, de Charles Baudelaire.
Comentários sobre o texto, a relação pessoal entre o poeta e o fotógrafo Félix Nadar; exibição e comentários sobre as fotografias e a vida de Nadar.
Avesso à má condução do fenômeno da fotografia, o poeta deixa claro, em sua célebre crítica do Salão de 1859, que a arte nada tem a ver com a reprodução exata da natureza. Em “O público moderno e a fotografia”, Baudelaire repudia a noção de exatidão como valor estético e, com ela, a fotografia representante máxima naquele momento da reprodução fiel do visível.
Nesse artigo, Baudelaire mostra como a poesia e o progresso são “dois ambiciosos que se detestam com um ódio instintivo” e, se há confronto, um sempre tem que se sujeitar ao outro. Um dos sinais do progresso para o poeta é a fotografia, “refúgio de pintores fracassados e sem talento ou preguiçosos demais para terminarem seus esboços.”
Há contudo nesse artigo algumas inquietações de Baudelaire quanto ao papel que a fotografia deveria ocupar. Na opinião dele, deveria ser a “serva das ciências e das artes, mas humílima serva, como a imprensa e a estenografia, que não criaram nem substituíram a literatura”. E, se “lhe for permitido invadir o campo do impalpável e do imaginário, aquilo que vale somente porque o homem aí acrescenta algo da própria alma, então, pobres de nós!”
Ele se pergunta: que homem digno do nome de artista, e que amador verdadeiro já confundiu a arte com a indústria? Para Baudelaire, a fotografia era um meio mecânico de representação por onde não passava o estilo pessoal do artista. “Dia a dia a arte diminui o respeito por si mesma, prosterna-se diante da realidade exterior e o pintor torna-se cada vez mais inclinado a pintar não o que sonha, mas o que vê. No entanto, é uma felicidade sonhar e era uma glória exprimir o que se sonhava”.
Em “O público moderno e fotografia”, torna-se interessante ressaltar que Baudelaire não comenta uma só imagem. Foi a terceira exposição fotográfica organizada pela Société Française de Photographie e a primeira vez em que ela foi exposta paralela ao salão de arte, juntamente com a pintura e a escultura. Para o poeta essa pretensa ascensão artística proporcionou o mais profundo incômodo. A essa altura muitos dos fotógrafos da época, entre eles Félix Nadar, um de seus amigos mais próximos, já tinha feito dele vários portraits.
Além do fato de uma “ciência material” – a fotografia, nas palavras de Baudelaire-passar a ser considerada arte, o poeta abominava a idéia de ela retirar da arte toda a dimensão imaterial e éterea, tornando-se, ainda assim, um produto do belo. Baudelaire não une, no entanto, belo e verdadeiro. Ele diz que “o gosto exclusivo pelo Verdadeiro (tão nobre quanto limitado) reprime e sufoca o amor pelo belo.” E completa: “como o belo é surpreendente, seria absurdo supor que o que é surpreendente é sempre belo. Ora, nosso público, que é singularmente incapaz de sentir a felicidade da fantasia ou da perplexidade (sinal das almas mesquinhas), quer ser surpreendido por meios estranhos à arte, e seus artistas obedientes conformam-se a esse gosto; eles querem impressioná-lo, surpreendê­lo, deixá-lo estupefato através de estratagemas indignos, porque sabem que ele é incapaz de se extasiar diante da tática natural da arte verdadeira”.
Para Baudelaire, a fotografia era um meio estranho à arte, mas um meio capaz de surpreender e causar perplexidade, mesmo que a contragosto do poeta. Nesse aspecto, ele tenta livrar do belo o sentimento de surpresa e termina por se dissociar de uma idéia clássica da beleza. Libera a fotografia de um conceito estético de beleza, mas reconhece sua propriedade de criar uma suspensão, um êxtase. O que o incomoda é que este estado de perplexidade é alcançado justamente pela grande maioria, pelas “almas mesquinhas”, que são a seu ver incapazes de se “extasiar diante da arte verdadeira”.O poeta distingue os públicos: o que é capaz de compreender e se maravilhar com as obras de arte não é o mesmo que cai de amores pela fotografia.

Aula 14: 29 de setembro



Comentários sobre a exposição de Alécio de Andrade:
Concepção, edição de fotos, curadoria, texto de apresentação, vitrines com cartas de Cartier-Bresson e Marc Riboud, dando conta do ingresso de Alécio na Agência francesa Magnum e textos de Carlos Drummond de Andrade e Marques Rebelo sobre as fotos e a sensibilidade do fotografo. Quantidade e tamanho das fotos expostas, técnica e estilo.
Alécio comunga dos princípios do “instante decisivo”, instituído por Henri Cartier-Bresson que dizia: “a fotografia é o reconhecimento de um momento que não dura mais do que uma fração de segundos, mas, ao mesmo tempo é a representação das formas contidas neste momento que dão sua expressão, sua significação”.
Pedro de Sousa, no texto de apresentação da exposição, enfatiza que “a influência de Cartier-Bresson é de tal forma onipresente na fotografia moderna que o seu trabalho estabeleceu, por assim dizer, um padrão. Um padrão de rigor preto e branco, ausência de retoques ou reenquadramento das tiragens, ausência de flash – que Alécio faz seu. Alécio é também um mestre do instante, como o provam tantas imagens definitivas que fazem parte da nossa memória visual...”
Destaco aqui outro parágrafo do texto de Pedro sobre Alécio que nos será interessante para uma reflexão e debates sobre justamente o “estatuto do instante” forte referência para a fotografia e o contraponto com os pressupostos calcados na noção de imagem da fotografia contemporânea.
“Será que a genialidade do fotografo se limita então a descobrir e registrar situações curiosas, ou coincidências significativas? É claro que o fotografo, ao retratar um “motivo”, não se limita a “registra-lo”. Ele cristaliza nesse instante toda uma sensibilidade adquirida, que altera substancialmente esse “motivo” e, em ultima instância, o “faz existir”. Simplesmente o tempo na fotografia não se exprime na luta artesanal com as palavras, os sons, as formas ou as cores, que seria o apanagio das Artes com “A” maiúsculo. O tempo do fotografo precede e acompanha o olhar, capta o tempo dos outros e, no caso de Alécio, ensina-nos que nada é forçosamente aquilo que parece.”

Sobre os retratos.
Nossos olhos percorrem horizontalmente uma galeria de personalidades, de Michel Foucault, Jean Genet, Peter Brook, Franz Krajcberg, Mario Pedrosa, Ernesto Sabato, Henry Miller, Simone de Beauvoir e Sartre, Susan Sontag, Vinicius de Moraes e Toquinho, Baden Powel, Nana Vasconcelos, Marques Rebelo Fereira Gullar, Rubem Braga.....etc....
Muitos em seus contextos de vida, alguns em flagrantes e cenas de rua, em encontros possíveis, autorizados e permitidos. Em quase todos percebe-se uma cumplicidade entre modelo e fotografo. Mas um parece fugir a esse olhar: Foucault.
Pedro comenta pouco ou quase nada sobre os retratos. Vale de vocês, alunos, olhares e escritos inéditos a respeito do assunto.


O que Henri Cartier-Bresson dizia sobre o ato de retratar:
“é preciso estar disponível; é preciso olhar. Há muitos poucos que olham, vêem, identificam. Nas exposições, a maioria dá uma olhada rápida e vai direto nas etiquetas. A fotografia é o problema do tempo. Tudo desaparece. Com a fotografia existe a angustia que não há no desenho. O presente concreto ocorre numa fração de segundos, o que é desagradável e maravilhoso simultaneamente. Trata-se de uma luta contra o tempo que, por sua vez, é uma invenção do homem. É preciso esquecer de si mesmo e da nossa vontade, não querer nada e deixar as coisas virem sozinhas, como ensina o budismo. Com o desenho, tudo está ali, à espera, o tempo é praticamente infinito.”

Para oferecer pontos de reflexão, cito aqui o que a fotografa francesa, Denise Colomb, contemporânea de Cartier-Bresson e autora também de grande quantidade de retratos de artistas, intelectuais e escritores, dizia :
“Eu não conheço as pessoas, eu as fotografo”.

Aula 13: 24 de setembro: visita ao Instituto Moreira Salles


Chegamos ao Instituto, fomos recebidos por Sérgio Burgi, Coordenador de Fotografia que guiou nossa visita à exposição de Alécio de Andrade e depois nos recebeu, com sua equipe, na Reserva Técnica fotográfica, que abriga acervos históricos fotográficos: mais de 450 mil imagens, com ênfase para a iconografia urbana das grandes capitais brasileiras nos séculos XIX e XX. Com a prestação de serviços arquivisticos e de conservação de nível internacional, o IMS busca merecer a confiança de doadores e promover o interesse pelos acervos a ele confiados.
Na Reserva técnica, conhecemos o trabalho de restauração e conservação de fotografias, o processo de escaneamento e tratamento digital e ainda de identificação e triagem das imagens. Sérgio salientou a importância da adequação das condições de umidade e temperatura na conservação dos acervos fotográficos e explicou sobre a importância da aquisição pelo Instituto do conjunto da obra dos autores e não partes separadas de acervo.
Sobre a exposição, Sérgio comentou que esta é a primeira retrospectiva de Alécio de Andrade no Brasil. A edição das fotos foi feita em conjunto com a viúva do fotografo e quem fez as ampliações foi o laboratorista de Alécio, já acostumado a trabalhar com ele há bastante tempo. Sérgio chamou a atenção ainda para as primeiras imagens, intituladas “Itinerário da infância”, tema de sua primeira exposição individual, realizada na Petite galerie de Ipanema, no Rio de Janeiro em 1964 e que contou com texto de apresentação do escritor Marques Rebelo e Roberto Alvim Corrêa. Na época, Alécio ainda utilizava uma câmera com pequeno zoom. Ao posteriormente adotar a Leica, optou pela ausência de retoques, pelo quadro inteiro e não utilização de flash, além do preto e branco. O seu gosto por fotos de crianças lhe rendeu uma atenção especial na vida e a edição do livro “Enfances”, da psicanalista francesa Françoise Dolto.
A exposição de Alécio conta com 265 fotografias,ocupa cinco galerias do Instituto Moreira Salles e é dividida em: Itinerário de infância; Cenas de rua; Paris; retratos franceses e retratos brasileiros;
O texto de apresentação é de Pedro de Souza, português, licenciado em filosofia pela Universidade de Paris. Foi chefe do escritório da Editora Abril em Paris de 1977 a 2002. Atualmente coordena as atividades do Centro Celso Furtado, no Rio de Janeiro.


quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Aula 12: 22 de setembro

Leitura compartilhada dos contos "O Espelho", dos escritores Machado de Assis e Guimarães Rosa.



Trechos do conto de Machado:
"Quatro ou cinco cavalheiros debatiam, uma noite, várias questões de alta transcendência..
a sala era pequena, alumiada a velas, cuja luz fundia-se misteriosamente com o luar que vinha de fora... Jacobina conta-lhes um caso de sua vida: em primeiro lugar não há só alma, mas duas...
-Nada menos de dual almas. Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro....A alma exterior pode ser um espirito, um fluido, um homem, muitos homens, um objeto, uma operação. ..Está claro que o ofício dessa segunda alma é transmitir a vida, como a primeira; as duas completam o homem que é, metafisicamente falando, uma laranja..."



Trechos do conto de Guimarães Rosa
"Se quer seguir-me, narro-lhe; não uma aventura, mas experiência, a que me induziram, alternadamente, séries de raciocionios e intuições.. .O senhor, por exemplo, que sabe e estuda, suponho nem tenha idéia do que seja na verdade - um espelho?...Reporto-me ao transcendente. Tudo, aliás, é a ponta de um mistério. .."O espelho são muitos, captando-lhe as feições; todos refletem-lhe o rosto, e o senhor crê-se com aspecto próprio e praticamente imudado, do qual não lhe dão imagem fiel. ...como é que o senhor, eu, os restantes próximos, somos, no visivel? O senhor dirá: as fotografias o comprovam......ainda que tirados de imediato, um após o outro, os retratos sempre serão entre si muito diferentes...."


quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Aula 11: 17 de setembro


Texto: "Pequena historia da fotografia", de Walter Benjamin

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Aula 10: 10 de setembro


Capitulo 1 do livro Historia da Fotografia, de Pierre-jean Amar. Principais pontos do capitulo intitulado "Historia das técnicas":
. Contexto do surgimento da fotografia no século XIX, com destaque para Niépce, Daguerre, Talbot e Bayard. .Principais e primeiros mecanismos fotográficos: daguerreotipo, calotipo, colodio umido e gelatina.

Daguerreótipo (1835)

O invento de Daguerre (1787-1851) utilizava placas de cobre prateado com iodo, introduzindo vapores de mercúrio para as imagens capturadas. Era um equipamento que, superando os resultados do Diorama, deu uma melhoria à qualidade das imagens, graças a melhores ópticas, imprimindo perfeição aos detalhes e tons modelados.

Seus inconvenientes eram o peso e o preço elevados do material e se sua “farmácia”, além do cuidado de inverter direita/esquerda do objeto. O tempo de exposição era elevado: entre 15 e 30 minutos, afastando a execução de retratos.

Calótipo (1840)

Com esse invento patenteado por Talbot (1800-1877), conseguiu-se diminuir o tempo de exposição de 1 a 2 minutos. Desenvolveu a captura de imagens latentes que tinham uma maior facilidade de utilização, mais leveza, rapidez de execução e material resistente. O calótipo utilizava o papel com nitrato de prata e sal de cozinha para imprimir as imagens.

Pecava pela idéia de duplicação da imagem (primeiro extraia-se o negativo e depois o invertia para um resultado real desejado). Ainda, esse mecanismo era contraposto com a qualidade realística e documental do daguerreótipo, já que tinha um caráter mais artístico.

Aula 9: 8 de setembro


Exibição de fotos dos alunos:

Alexandre Lazaren

Giuliana Amaral Azevedo

Louise Gonzaga Alves Palma

Aula 8: 3 de setembro


Comentarios sobre a vivência fotografica.
Decisões sobre visitas a exposições e Instituições de Arquivo.
Informações sobre o trabalho final.
Sugestões:
Ensaio fotografico envolvendo o gênero retrato
Pesquisa e texto sobre o trabalho de algum fotografo que possa ser eleito pelo aluno
Texto sobre o trabalho fotografico de algum colega do curso que escolhar realizar um ensaio fotografico. Etc...
Datas:
6 de outubro: entrega do planejamento do que sera o trabalho final com apresentação, justificativa da escolha e plano de trabalho.
Trabalho final, com data ainda a ser definida.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Aula 7: 1 de setembro


Vivência fotográfica
Cada um pôde experimentar a sensação de "ser fotógrafo" e de "ser modelo" em dois momentos distintos: com exposição mais longa, de 5 segundos e rápida, frações de segundos. Ao final, todos foram convocados a escrever sobre o que perceberam.
Alguns depoimentos:
Priscilla Vale Morais:
"Esperar cinco segundos parece uma eternidade: a pose se esvai no sorriso amarelo, no piscar dos olhos ou numa simples coceira.(...) Por frações de segundos é imperceptível. Basta sentar, sorrir e voltar ao "mundo normal" depois do click."
Mikael Doulson-Alberca:
"Não estou acostumado a retratar pessoas que posam, a não ser gente de rua, em atitudes normais, comuns, situações de vida cotidiana. Em estúdio, se estabelece uma relação mais intimista, uma cumplicidade com o modelo, aprender a falar com ele, aprender a escutá-lo e sobretudo, olhá-lo" (...)
Marcelo Brasil:
Como fotógrafo, tentei deixar a modelo confortável e com uma pose natural(..)Como modelo, tentei ficar à vontade e transmitir o máximo de mim através da pose que a fotógrafa pediu." (...)

Aulas 5 e 6: 25 e 27 de agosto


Exposição e discussão do primeiro capítulo do livro Identidades virtuais, de Annateresa Fabris:

"A identidade do retrato fotográfico é uma identidade construída de acordo com normas sociais precisas. Nela se assenta a configuração de um eu precário e ficcional - mesmo em seus usos mais normalizados -, que permite estabelecer um continuum entre o século XIX e o século XX, entre uma modernidade confiante na ideologia do progresso e uma modernidade problematizada pela desconstrução pós-moderna."

Pontos abordados:
.Retrato como romance e como história, a partir de Baudelaire.
. Félix Nadar, Julia Cameron e DAvid Octavius Hill como representantes do retrato como romance
. Eugène Disdéri e a invenção do formato cartão de visita
. Questões de pose, vestimenta, ornamentação e de representação da burguesia através da fotografia no séc. XIX
. Manuais fotográficos
. O retrato policial e a foto de identidade
. Os estudos fisionômicos e o uso do retrato pela medicina e ciência

Aula 4: 20 de agosto

Descondicionamento do olhar
Prática de alguns exercícios baseados no Workshop de linguagem visual e criatividade, denominado Descondicionamento do olhar e criado pelo fotógrafo Cláudio Feijó.
Esse workshop foi desenvolvido a partir de uma experiência com o ensino de fotografia na Escola paultistana Imagem-Ação ao longo de anos e consiste em uma série de vivências e exercícios visando estimular outros olhares isentos da contaminação de modelos existentes.
Os exercícios trabalham, como estrutura básica do workshop, os seguintes itens: os canais de percepção, a transformação da expressão nas diferentes linguagens, a formação de conceitos, o pré-conceito e a intuição, a conceituação e a percepção, os estados emocionais e as distâncias, a leitura de símbolos e signos, a leitura não verbal, o ritmo e o tempo psicológico, a síntese, a ocupação do espaço, a composição e o equilíbrio etc.
Cláudio Feijó é diretor e professor da Escola Imagem-Ação desde 1972 e ministra Descondicionamento do Olhar há 15 anos para estudantes ou profissionais das áreas de fotografia, cinema, artes plásticas, arquitetura e a todas as pessoas que utilizam o Olhar como ferramenta de trabalho.
Para mais detalhes acesse o site www.olhar.com.br/workshop.htm

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Terceira aula, 18 de agosto


Apresentação de fotos selecionadas pelos alunos:

Marcelo Brazil

Juliana Silva Fontoura

Julia Wiltgen Costa


Comentários e informações sobre o retrato.

Segunda aula, 13 de agosto 2008


O GÊNERO PORTRAIT
Definições por:
Coleção Time Life de Fotografia
Jean-luc Nancy
Edouard Pommier
Annateresa Fabris
Anne Beyarrt
Philippe Lejeune
André Gunthert
Jean-Marie Schaeffer


Para sua composição, observar:
O olhar
O corpo
Mãos e pernas
A pose
O ambiente (atmosfera a ser transmitida)
A locação
Iluminação
O equipamento fotográfico
A relação modelo/fotógrafo
A forma de exibição
A função

Questões que suscita:
O olhar
A relação modelo/fotógrafo/espectador
Função e uso
Identidade
Intimidade
Interioridade/exterioridade/ imagem autônoma, etc....
Realidade/Ficção


Dicionário Aurélio
Retrato – Representação da imagem de uma pessoa real, pelo desenho, pintura, gravura, etc; ou pela fotografia. 2 – obra de arte cujo assunto é o retrato. 3 – Representação falada ou escrita de uma pessoa (ou de seu caráter), de uma, coisa, etc, descrição. 4 – Fotografia, ex: tirou retratos dos principais pontos turísticos. 5 – Figura, imagem, efígie de alguém.

Coleção Time Life de Fotografia
O portrait, para não mentir, deve revelar o caráter por trás da face do modelo pois o caráter é a essência da arte do portrait, deixando até para segundo plano a fidelidade aos detalhes físicos do retratado.

Anateresa Fabris (Identidades virtuais: uma leitura do retrato fotográfico)
Enfoca a questão do retrato a partir de vários autores. Afirma que “todo retrato é simultaneamente um ato social e um ato de sociabilidade: nos diversos momentos de sua historia obedece a determinadas normas de representação que regem as modalidades de figuração do modelo, a ostentação que ele faz de si mesmo e as múltiplas percepções simbólicas suscitadas no intercâmbio social. O modelo oferece à objetiva não apenas seu corpo, mas igualmente sua maneira de conceber o espaço material e social, inserindo-se em uma rede de relações complexas, das quais o retrato é um dos emblemas mais significativos.


Para John Tagg, o retrato é um signo dotado de dois objetivos fundamentais: descrição de um individuo e inscrição de uma identidade social. E o que é um auto-retrato?
Para Philippe Lejeune: o auto-retrato é uma encenação de si para o outro, como um outro.

Anne Beyarrt (Une sémiotique du portrait)
Se o portrait é um gênero da pintura que busca a representação semelhante de uma pessoa, carrega também consigo a questão de ausência. Para Alberti, em seu ” Tratado della pintura” (1435), o portrait tem a capacidade de tornar presente aquele que esta ausente, assim como tem a função de mostrar os mortos aos vivos.

Jean-luc Nancy (Le regard du portrait)
Um portrait, de acordo com a definição e descrição comuns, é a representação de uma pessoa considerada por ela mesma. Essa afirmação é tão correta quanto simples, mas está longe de ser suficiente. Ela define uma função ou uma finalidade: representar uma pessoa mesma e não por seus atributos ou atribuições, nem por seus atos nem por suas relações. O objeto do portrait é estritamente o sujeito absoluto, retirado de tudo que seja exterior a ele, ou que não tenha relação com ele mesmo. (Mas o que é sujeito absoluto?) O que é a pessoa? Um individuo. Uma pessoa por ela mesma como personagem? Como personalidade?, Mas por si mesma? Sem extensão nem restrição? Como podemos ver, um simples retrato traz consigo todas as questões da filosofia do sujeito. Para simplificar, o portrait é um quadro que se organiza ao redor de uma figura. Mas nem sempre um quadro que se organiza em torno de uma figura é considerado um portrait.
Um portrait é então um quadro que se organiza ao redor de uma figura, ao mesmo tempo em que ela é o propósito e o fim da representação, a exclusão de toda outra cena ou produto de todo outro valor ou representação. O verdadeiro portrait é o que os historiadores de arte designam na categoria de “portrait autônomo”. Aquele em que a figura representada não está desenvolvendo nenhuma ação, e não manifesta nenhuma expressão que possa se desviar de sua personalidade própria. Poderiamos dizer que o portrait autônomo deve ser – e dar- a impressão de um sujeito sem expressão. Quanto à ação, sem duvida é admissível: a própria ação do pintor, tal como aparece freqüentemente nos auto-retratos e em alguns casos nos portraits de um pintor pintado por outro. É, com efeito, a ação cuja representação forma ao mesmo tempo o retorno a si e que contribui para enfatizar a temática do quadro.
Então, o retrato não consiste simplesmente em revelar uma identidade, um “eu”. Sem duvida, é sempre isso que é buscado: um desvendar do eu mas a figura retratada deve então organizar o quadro não somente em termos de equilíbrio, de linhas de força ou de cores, mas ainda de maneira que o quadro, em suma, possa representar ela mesma.
Mas não é suficiente então que o portrait se organize em torno so da figura, é necessario que se organize em torno de seu olhar.- em torno de sua visão ou de sua vidência. O que ele vê, ou o que ele deve ver ou olhar? Esse é o cerne da questão.
Mas é a figura inteira que faz o olhar e não somente o olho isolado. Ao mesmo tempo, o portrait não é proibido de mostrar o resto do corpo, contanto que esteja em sintonia com o olhar. Podemos perceber ainda que as mãos, sem duvida,organizam também alguma coisa do sujeito.
É possível ainda dizer que as figuras sejam muitas, um grupo. Torna-se importante observar que a característica de um retrato de grupo seja sempre o desencontro de olhares: eles não se encontram e nem mesmo se procuram. Seus olhares devem permanecer sem relação mutua, eles não dividem entre si mais que a autonomia de cada um.
O portrait se articula em três tempos: o portrait se assemelha (a mim), o portrait se relaciona (comigo), o portrait (me) olha.

Edouard Pommier (Théorie du portrait: de la Renaissance aux Lumières)
As definições que os primeiros dicionários dão do portrait são simples: uma imagem do homem “ao natural”. Esta simplicidade não é portanto, mais que aparência. Desde o inicio do século XV, o portrait se tornou objeto de uma abundante e contraditória literatura. Na Itália, depois em outras partes, essas controvérsias vão durar até o fim do século XVIII . Por um lado é exaltado seu valor memorável e mimético. Por outro, é criticada suas finalidades, quer sejam elas de ordem social, filosófica, moral ou religiosa. O portrait como gênero pictural acompanha paralelamente as mudanças que afetam vez por outra o valor dos modelos e a maneira de os representar.

André Gunthert (Editor da revista francesa études Photographiques)
Uma coisa é certa, o que mais chama a atenção no retrato é a sua convenção estética.


Elementos básicos que caracterizam a imagem fotográfica de modo geral: forma, linha, padrão e textura, observando como cada um afeta a percepção da fotografia.
Observar ainda: composição, equilíbrio, enquadramento e ponto de vista.Já que em fotografia a fonte da imagem é a luz, observar sua origem, intensidade, direção.
Forma – Contorno básico de um objeto. Podem funcionar às vezes sendo isoladas contra um fundo neutro, como é o caso do portrait de estúdio.
Linhas – são caminhos para os olhos, mostram direções e distâncias, descrevem contornos da forma e definem limites. As linhas são muito importantes em fotografia pois podem conduzir o espectador ao centro de interesse das fotos. Podem também realçar força e ação.
Padrões – quando linhas, formas ou cores semelhantes se repetem e sugerem ritmos.
Texturas – Revela a natureza da superfície e produz uma forte impressão de realidade. Remete-nos ao tato. Ajuda a transmitir a sensação de volume e de peso
Composição – é uma versão plana da realidade. O que nos fornece a dimensão do espaço, que nos permite determinar tamanhos e proporções dos objetos da cena. O fotografo pode aproximar-se ou afastar-se do motivo, ir para um lado ou para outro, levantar ou abaixar a câmara, etc....
Equilíbrio – o peso visual dado aos vários elementos dentro do campo. (simetria, assimetria, centralização, contraste de cores e luzes;claro-escuro. Regra dos terços.
Ponto de vista – pode ser alterado mudando-se a posição da câmara.
Na altura dos nossos olhos: dá sensação de realidade;
De baixo: evoca domínio e poder;
De cima: parecem insignificantes.
Enquadramento: Recurso de composição em que se pode criar uma moldura dentro da foto. É um meio eficiente de dirigir o olhar do observador.
Iluminação : é a alma da fotografia, o equivalente das tintas do pintor.




Primeira aula, 11 de agosto 2008




Apresentação e conhecimento dos alunos.
Lista com e-mails e contatos.
Saber quem já fotografa, objetivo de cada um com o curso, interesses.
Sensibilização sobre o tema. O profissional de comunicação é aquele que precisa estar sensível ao mundo, com capacidade aguçada de reflexão e percepção do cotidiano.
O retrato é um gênero muito antigo e devido às novas tecnologias já está na nossa vida, banalizado. Ele é visto pelo olhar filosófico, histórico, artístico, ora repleto de aura e profundidade, ora totalmente sem glamour, mas o mais importante é que ele evoca o que? Nós mesmos, seres humanos. Esbarra nas questões de imagem, representação, relação de alteridade, espelho, na ausência, na identidade,etc.....

A idéia do curso é fazer uma passeio pela história do retrato através da produção de alguns fotógrafos e a partir desse percurso vivenciar a prática do gênero e localizar suas funções.

Filme “MInority Report” : mudança do suporte, do afeto, coisas que circundam o retrato. O ano é 2054, a casa do Tom Cruise é cheia de vidros, comandos de voz, mas em cima de uma bancada tem uma fileira de porta-retratos com fotos em papel, aos moldes tradicionais. O mesmo acontece em "Bladre Runner".Para que os andróides possam ser verdadeiramente humanos, era necessário que eles tiveseem memória, dada pela fotografia. No final do filme, a Andróide toca piano e olha uma fotografia no porta-retrato.

Minority Report (comentários da Revista Veja)
Produção de 2002, Definido por Steven Spielberg como um exercício de "realismo futurista", Minority Report – A Nova Lei (Minority Report, Estados Unidos, 2002)
Minority Report é adaptado de um conto do americano Philip K. Dick, cuja ficção deu origem também a Blade Runner e O Vingador do Futuro. O filme se passa em 2054, quando a unidade policial intitulada "Pré–Crime", chefiada por John Anderton (Tom Cruise, na sua primeira parceria com Spielberg), completa seis anos de testes bem–sucedidos na capital americana. Partindo das antevisões de três paranormais resultantes de uma mutação genética induzida, os policiais sabem exatamente quais homicídios serão cometidos, quem serão seus autores e qual a identidade das vítimas. Em 100% dos casos, conseguem prender os assassinos antes que eles matem. A demonstração prática desse método é o centro da fabulosa seqüência inicial. Mergulhados num tanque cheio com uma espécie de líquido amniótico, os paranormais – chamados "precogs", numa abreviatura de pré–cognitivos – são atormentados pelas suas visões de mortes. A cada espasmo desses, um aparelho grava duas bolas de madeira, semelhantes às de bilhar: uma com o nome do assassino, outra com o da vítima. Bolas marrons equivalem a crimes premeditados, enquanto as vermelhas assinalam atos passionais, que requerem máxima urgência. Ao mesmo tempo, as imagens que os precogs vêem são transmitidas para os policiais, que tentam organizá–las numa tela, como um quebra–cabeça, antes de partir para interromper o crime em progresso. Spielberg traduz esse processo angustiante e estranho com aquela que cada vez mais é a sua marca registrada: uma concepção visual tão meticulosa e palpável que é como se esse mundo futuro estivesse sendo documentado, e não imaginado.

O verdadeiro "precog"
Poucos autores de ficção científica foram adaptados para o cinema com tanto sucesso quanto o americano Philip K. Dick. Além de Minority Report, Blade Runner, de Ridley Scott, e O Vingador do Futuro, de Paul Verhoeven, surgiram de contos seus. São todos ótimos exemplos da filiação de Dick a uma vertente mais metafísica, e menos tecnológica, desse gênero literário – e também da habilidade singular do escritor para tocar em temas que, pouco a pouco, começam a ganhar de fato a relevância que atribuíra a eles em seu futuro imaginário. No caso de Minority Report – rodado antes dos atentados de 11 de setembro –, são quase sinistras as associações com a atual campanha da Presidência americana para limitar as liberdades civis em troca de maior agilidade para prender suspeitos de terrorismo. Dick talvez tivesse apreciado a coincidência. Morto em 1982, aos 53 anos, ele detestava e temia tudo o que lembrasse autoridade. Abandonado pelo pai aos 5 anos, passou a infância vagando pela América da Depressão com uma mãe fria e paupérrima. Desenvolveu agorafobia, vertigem e, suspeita-se, esquizofrenia. Adepto da contracultura, dizia ter tomado algumas centenas de comprimidos alucinógenos numa mesma semana. Fosse por razões químicas ou mentais, Dick era ele próprio uma espécie de precog: alguém capaz de antever aquilo que de pior o futuro pode reservar.


Fotógrafos que serão conhecidos: Félix Nadar, Eugène Disdéri, Julia Cameron, Lewis Carrol, Augusto Malta, Marc Ferrez, Martin Chambi, Denise Colomb, Henri Cartier-Bresson, Rosângela Rennó, Arthur Omar, Vick Muniz, Sebastião Salgado, Bob Wolfelson, Cláudio Edinger, Rogério Reis, Madalena Schartz, Tina Modotti, Lewis Hine, August Sander, entre outros.

domingo, 3 de agosto de 2008

Programa do curso





Disciplina : O retrato fotográfico entre documento, biografia e arte
Professora: Teresa Bastos
Horário: Segundas e quartas, das 11:10 às 12h50
Local: Estúdio CPM

Objetivo:
Proporcionar aos alunos uma imersão na temática do portrait fotográfico a partir de experimentação e aprendizagem prática; reflexão e informação teórica. Explorar o tema a partir de algumas de suas várias possibilidades e usos como: identidade, arte, documento, ficção em contextos e momentos históricos distintos: do século XIX ao período contemporâneo.

Proposta de conteúdo e atividades:
Aulas teóricas com exibição de fotos e estudo de textos referenciais
Aulas práticas de fotografia de estúdio e externa (com participação do professor Mickele Petruccelli)
Aula prática de laboratório (com Leandro Pimentel)
Visita a exposição em cartaz no segundo semestre (a ser definida)
Visita a alguma instituição de Arquivo para conhecimento de acervo (a ser definido)
Participação de convidados (sujeito à confirmação) com experiência na prática de retratos em áreas distintas:
Leonardo Aversa (fotografo Jornal O Globo);
Fernando Rabelo (ex-editor de fotografia do Jornal do Brasil e fotografo da Editora Record);
Bruno Castaing (fotografo publicitário).

Avaliação
Produção de trabalho de criação (textual ou fotográfico) no final de setembro e para conclusão do semestre.

sábado, 2 de agosto de 2008

Bibliografia

Bibliografia básica
ARQUIVO NACIONAL. Retratos Modernos. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005.
BARTHES, Roland. A câmara clara, tradução Julio Castañon Guimarães. 3a Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
BENJAMIM, Walter. Magia e Técnica, arte e política, tradução Sérgio P. Rouanet. 7a Ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
COELHO, Teixeira (Org). A modernidade de Baudelaire. Trad. Suely Cassal. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1988.
FABRIS, Annateresa. A identidade virtual. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004.
HUBBERMAN, Georges Didi. O que vemos, o que nos olha, tradução Paulo Neves. São Paulo: Editora 34, 1998.
MANGUEL, Alberto. Lendo Imagens, uma história de amor e de ódio. Tradução Rubens Figueiredo, Rosaura Eichemberg, Cláudia Strauch. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
NOVAES, Adauto. O Olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
SONTAG, Susan. Sobre fotografia, tradução Rubens Figueiredo. Sao Paulo:Cia das Letras, 2004.


Bibliografia geral
ARBAÏZAR, Philippe (Org.). Portraits, singulier pluriel 1980 -1990 – le photographe et son modéle. Paris: Bibliothèque Nationale de France/ Hazan, 1997.
ARQUIVO NACIONAL. Retratos Modernos. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005.
BARTHES, Roland. A câmara clara, tradução Julio Castañon Guimarães. 3a Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
____. O óbvio e o obtuso: ensaios críticos III, tradução Lea Novais. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.
BASTOS, Maria Teresa Ferreira. Uma investigação na intimidade do portrait fotografico. Tese de doutorado, PUC-Rio, 2007.
____. Por parte de mãe: reflexões (auto)biográficas. Dissertação de mestrado, PUC-Rio, 2003.
BENJAMIM, Walter. Magia e Técnica, arte e política, tradução Sérgio P. Rouanet. 7a Ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
____. Petite histoire de la photographie, tradução comentada de André Gunthert. In: SOCIÉTÉ FRANÇAISE DE PHOTOGRAPHIE. Études photographieques, n. 1, Paris, novembre 1996.
BERGER, John. Modos de ver, tradução Ana Maria Alves. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1972.
BLANCHOT, Maurice. L’Amitié. Paris: Gallimard, 1971.
BORDIEU, Pierre. Um art moyen: essai sur les usages sociaux de la photographie. Paris: Ed. De Minuit, 1965.
BRESSON, Henri-Cartier. Tête à tête. Introdução de E.H. Gombrich, tradução Heloisa Jahn. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
BURTOR, Michel & COLOMB, Denise. L’artiste dans son cadre. Paris: Collection Carnets/ Editions Argraphie, 1993.
COELHO, Teixeira (Org).A modernidade de Baudelaire. Trad.Suely Cassal. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1988.
COLOMB,Denise. Instantanés. Marseille: La Chambre, 1999.
COMPANY, Eastman Kodak. O prazer de fotografar. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
DELEUZE, Gilles. Francis Bacon : Logique de la Sensation . Paris : Éditions de Seuil, 2002.
____.Lógica do sentido, tradução Luiz Roberto Salinas Fortes. São Paulo: Editora Perspectiva, 2003
DISDERI, Eugène. Application de la photographie à la reproduction des oeuvres d’art, Paris: édité par l’auteur, 1861.
____. Essai sur l’art de la photographie,avec une introduction par Lafon de Camarsac, Paris, l’auteur, 1862.
____. Essai sur l’art de la photographie.. Préface de Eugène Masanés. Paris: Séguier, 2003.
____. Sur le Portrait Photographique. In: FRIZOT, Michel & DUCROS, Françoise (Org.). Du Bon Usage de la Photographie. Paris: Centre National de la Photographie, 1987.
____. Renseignements photographiques indispensables à tous. Paris: édité par l’auteur, 1855.
ETUDES PHOTOGRAPHIQUES. Paris: Société Française de Photographie, 1997 – 2007. Semestral.
FABRIS, Annateresa (Org.). Fotografia: Usos e Funções no século XIX. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1991.
____.A identidade virtual. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004.
FERREZ, Gilberto. O Rio Antigo do fotógrafo Marc Ferrez: paisagens e tipos humanos no Rio de Janeiro 1865-1918. São Paulo: editora EX Libris, 1984.
____. A fotografia no Brasil 1840-1900. Rio de Janeiro: Fundação Nacional de Arte/Fundação Nacional Pró-Memória, 1985.
____. & Naep, Weston J. Pioneer Photographers of Brazil 1840-1920. Washington: The Center for Inter-American Relations, 1976.
____. & Vasquez, Pedro. A fotografia no Brasil do século XIX. 150 anos do fotógrafo Marc Ferrez , 1843-1993. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1993.
FREUD, Gisèle. Photographie et société. Paris : Editions du Seuil, 1974.
FRIZOT, Michel. Du bom usage de la photographie: une anthologie de textes.Paris:Photopoche, 1987.
____. Histoire de voir, de L’Invention a L’art photographique (1839-1880). Paris: Centre National de la Photographie, 1989.
____. Nouvelle histoire de la Photographie. Paris: A. Biro. Larousse, 2001
____ ; JULY, Serge ; PHÉLINE, Christian ; SAGNE, Jean. Identités : de Disdéri au Photomaton .Paris: Centre National de la Photographie, 1985. Exposition au Palais de Tokyo, du 18/12/1985 au 24/02/1986.
GONÇALVES FILHO, Antonio. Demônios, Espelhos e Máscaras Celestiais. Catálogo da Exposição de Arthur Omar. Rio de Janeiro: Centro Cultural da Light, 1998.
HUBBERMAN, Georges Didi -. O que vemos, o que nos olha, tradução Paulo Neves. São Paulo: Editora 34, 1998.
JARDIM, João e CARVALHO, Walter. Janela da alma.Documentário (73 min). Rio de Janeiro, 1983.
KOSSOY, Boris. Fotografia & História. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001,
____. Realidades e ficções na trama fotográfica. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002.
____. Hércules Florence, 1833: a descoberta isolada da fotografia no Brasil. São Paulo: Editora Duas Cidades, 1980.
____. Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro. São Paulo: Instituto Moreira Sales, 2002.
LEAL, Carlos. Nadar: o retratista de um século. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 2000.
LEITE, Miriam Moreira. Retratos de família. São Paulo: Edusp, 1993.Texto & arte; vol 9.
LISSOVISKY, Mauricio. O tempo e a originalidade da fotografia moderna. Rio de Janeiro: 2003. Disponivel em www.pos.eco.ufrj.br/disciplinas/mod/ressource.
_____.A maquina de esperar. Rio de Janeiro: 2003.Disponivel em:
www.pos.eco.ufrj.br/disciplinas/mod/ressource.
____.Quatro + uma dimensão do Arquivo. Rio de Janeiro, 2004. Disponivel em:www.pos.eco.ufrj.br/disciplinas/mod/ressource.
___. A chegada da fotografia no Brasil, In: RioArtes, Rio de Janeiro 2006, n. 42, p.26-28.
LORD, James. Um retrato de Giacometti, tradução Célia Euvaldo. São Paulo: Iluminuras, 1998.
LUKITSH, Joanne. Julia Margaret Cameron 55. New York : Phaidon Press Mited, 2001. Phaidon 55s.
MANGUEL, Alberto. Lendo Imagens, uma história de amor e de ódio. Tradução Rubens Figueiredo, Rosaura Eichemberg, Cláudia Strauch. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
MARESCA, S. La photographie, un miroir des sciences sociales, Paris, L'Harmattan, 1996.
McCAULEY, Elizabeth Anne, A.A.E. Disdéri and the carte de visite portrait photograph , New haven, London: Yale University Press, 1985.
MITCHELL, W.J. Thomas. Iconology: image, text, ideology. Chicago and London: The University of Chicago Press, 1986.
____.The language of images. Chicago and London: Chicago UP, 1974.
MOTA, Sérgio. O que destina o olhar à cegueira. Tese de doutorado, Puc-Rio, 2003.
NADAR, Felix. Felix Nadar, o Grande Retratista Francês. Rio de Janeiro: Conjunto Cultural da Caixa, setembro, 2002. Catálogo da Exposição.
NADAR, Félix. Quand j’était photographe. Texte intégral. Préface de Jean-François Bory. Paris: Seuil, 1994.
NADAR, Félix. Quand j’était photographe. Presentation de Léon Daudet. Paris: Actes Sud, 1998.
NANCY, Jean-luc. Le regard du portrait. Paris : Editions Galilée, 2000.
NEUMAN, Stan. Nadar Photographe. Vídeo com 26 min. Paris: Musée d’Orsay, 1994.
NOVAES, Adauto. O Olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
PEIXOTO, Nelson Brissac. Paisagens urbanas.São Paulo: editora SENAC São Paulo: Editora Marca D’Água, 1996.
PHOTO POCHE. Henri Cartier – Bresson. Paris: Centre National de la Photographie, 1982. v.2
____. Nadar/ Photo Poche. Paris: Centre National de la Photographie, 1982. v. 1
____. Sebastião Salgado. Paris: Centre National de la Photographie, 1993. v.55.
____. Walker Evans. Paris: Centre National de la Photographie, 1993. v.45.
POMMIER, Édouard. Théories du portrait: de la Renaissance aux Lumières. Paris: Gallimard, 1998.
REDL, Lídia Vanatko Anísio. Autos contemporâneos: postulados ou verdades? Dissertação de Mestrado. Centro de Letras e Artes. Escola de Belas Artes, UFRJ. Rio de Janeiro, 2000.
RENNO, Rosângela. Rosângela Renno. São Paulo : EDUSP, 1998
____. O arquivo universal e outros arquivos. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.
REVISTA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Fotografia. , n. 27, Rio de Janeiro, 1998.
RÉUNION DES MUSÉES NASTIONAUX. Nadar: les années créatrices 1854 – 1860 : Paris, Musée d’Orsay, 7 juin-11 septembre 1994; New York, the Metropolitan Museum or Art, 3 avril – 9 juillet 1995. Paris, Réunion des musées nationaux, 1994. Catalogue de l’exposition.
RUMAN, Evelyn. Autoimagem Marginal. Santiago: LOM Editores, 1998.
SALGADO, Sebastião. Êxodos. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
____. Terra. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
SANTOS, Roberto Corrêa. Oswald: atos literários. Belo Horizonte: 2 luas, 2000.
____. Modos de saber, modos de adoecer – o corpo, a arte, o estilo, a história, a vida, o exterior. Belo Horizonte: editora da UFMG, 1999.
SCHAEFFER, Jean-Marie. Du portrait photographique. In: Portraits, Singulier Pluriel. 1980-1990. Paris: Hazan/Bibliothèque Nationale de France, 1997.
____. A imagem precária, tradução Eleonora Bottmann. Campinas, SP: Papirus, 1996.
SCHWARTZ, Madalena. Retratos. São Paulo: Instituto Moreira Sales, 2000.
SONTAG, Susan. Sobre fotografia, tradução Rubens Figueiredo. Sao Paulo:Cia das Letras, 2004.
____.Diante da dor dos outros, tradução Rubens Figueiredo. São Paulo: Cia das Letras,2003.