terça-feira, 6 de outubro de 2015

Fotografia e performance

O desejo da imagem de se fazer presente e o desejo da performance de viver o instante e fazê-lo durar...Questões em pesquisa...
Condessa de Castiglione (1837-1899) , uma das mulheres mais fotografadas do século XIX! Encenava suas poses, dirigia suas fotos.Teatralizava o retrato...

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Produções finais, retrato em estúdio Tema: Masculino/Feminino



As pesquisas começaram. As sugestões são bem-vindas.Estou postando aqui somente imagens. As identificações virão depois. Muitas histórias das fotos podem ser lidas no blog: http://www.imagesvisions.blogspot.com.br/































terça-feira, 13 de março de 2012

Olhar e ser olhado...

Foto de Arthur Omar. Afeganistão, 2002


Curso O Retrato fotográfico entre Documento, Biografia e Arte 2012.1

Professora: Teresa Bastos
Horário: Quartas, das 9:20 às 12h50
Local: Estúdio Fotográfico CPM
Carga-horária: 60 horas-aula
2012.1

Datas:

28 de março – Visita à exposição Nan Golding, no MAM

18 de abril – Última data para entrega da resenha da exposição

25 de abril - Saída fotográfica fora da Universidade

23 de maio – Saída fotográfica fora da Universidade

6 de junho – Produção fotográfica temática no estúdio

13 de junho – Produção fotográfica temática no estúdio

6 de junho - Entrega do pré-projeto de trabalho final

4 de julho - Apresentação e entrega do trabalho final

Objetivo:

Proporcionar aos alunos uma imersão na temática do portrait fotográfico a partir de experimentação e aprendizagem prática; reflexão e informação teórica. Explorar o tema a partir de algumas de suas várias possibilidades e usos como: identidade, arte, documento, ficção em contextos e momentos históricos distintos: do século XIX ao período contemporâneo.


Proposta de conteúdo e atividades:
. Aulas teóricas com exibição de fotos e estudo de textos referenciais
. Aulas práticas de fotografia de estúdio e externa
. Aula prática de laboratório
. Visita à exposição em cartaz na cidade.
Participação de pesquisadores envolvidos com temáticas relacionadas ao curso.

Avaliação
. Presença e participação em atividades propostas ao longo do curso
. Resenha crítica da exposição visitada
. Apresentação em classe de pelo menos 1 texto teórico
. Trabalho final


Trabalho final

Os trabalhos finais deverão ser apresentados e entregues na última semana de aula. O ensaio fotográfico deverá conter além das fotografias, um texto introdutório apresentando o processo de produção da experiência, bem como uma reflexão teórica a ser escolhida pelo aluno, tomando como base questões discutidas ao longo do semestre.

O trabalho monográfico deverá conter no mínimo 5 páginas, corpo 12 e espaço 1,5 e apresentar questões criadas pelos próprios alunos que, de alguma maneira, dialoguem com as temáticas trabalhadas pelo curso. Realização de pré-projeto no meio do semestre.

Referências básicas e de apoio:

ARFUCH, Leonor. O espaço biográfico: mapa do território. In: O espaço biográfico: dilemas da subjetividade contemporânea. Trad: Paloma Vidal. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2010. p- 35 – 82.

BAQUÉ, Dominique. Visages: Du masque grec à la greffe du visage. Paris : Editions du regard, 2007.IL.

BARTHES, Roland. Roland Barthes por Roland Barthes. Trad: Leyla Perrone-Moisés. São Paulo : Estação Liberdade, 2003, il.

BASTOS, Maria Teresa Ferreira. O portrait fotográfico entre biografia e imagem autônoma. In: Uma investigação na intimidade do portrait fotográfico. Tese de doutorado, PUC-Rio, 2007. p.32 – 43.
BENJAMIM, Walter. Pequena história da Fotografia. In: Magia e Técnica, arte e política. Trad: Sérgio P. Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994.p.91-107.

BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: Usos & abusos da história oral. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2006. p. 183 - 192.
BAUDELAIRE, Charles. O público moderno e a fotografia. In:COELHO, Teixeira (Org). A modernidade de Baudelaire. Trad. Suely Cassal. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1988. p. 67 – 74.

CHAUÍ, Marilena. Janela da alma, espelho do mundo. In : NOVAES, Adauto. O Olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.p. 31 – 63.

DELEUZE, Gilles. Le Rond, la piste. In : Francis Bacon Logique de La sensation. Paris : Éditions du Seuil, 2002. P. 11-16.

____. Note sur lês rapports de La peinture ancienne avec La figuration. In : Francis Bacon Logique de La sensation. Paris : Éditions du Seuil, 2002.P. 17 – 19.

____. Décima terceira série: do esquizofrênico e da menina. In: Lógica do Sentido. São Paulo, Editora Perspectiva, 2003. P. 85 – 96.
FABRIS, Annateresa. A identidade virtual. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004.

GATTINONI, Christina ; VIGOUROUX, Yannick (Org.). La photographie contemporaine. Paris:Editions Scala, 2009.Il.
HUBBERMAN, Georges Didi. O que vemos, o que nos olha. Trad: Paulo Neves. São Paulo: Editora 34, 1998.

____. Gestes d’air et de Pierre: corps, parole, souffle, image. Paris : Les Éditions de Minuit, 2005.

LEJEUNE, Philippe. Olhar um auto-retrato. In: O pacto autobiográfico: de Rousseau à Internet.Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.p. 237 – 250.

LISSOVSKY, Mauricio. Guia prático das fotografias sem pressa. In: Retratos Modernos . Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005. p.196 -20. IL

____. Aspectos clássicos do pôr-se fora do tempo. In: A máquina de esperar: origem e estética da fotografia moderna. Rio de Janeiro, e. Maud, 2008. p. 73 – 95

NANCY, Jean-luc. Le regard du portrait. Paris : Editions Galilée, 2000.
PEIXOTO, Nelson Brissac. Retratos: o rosto e a paisagem. In : Paisagens urbanas. São Paulo : Editora Senac, 1998. P. 47 – 79.IL.

POIVERT, Michel. La photographie contemporaine. Paris: Flammarion, 2002.IL

SIBILIA, Paula. Eu visível e o eclipse da interioridade. In: O show do eu: a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.p. 89 – 114.
SONTAG, Susan. Certos Mapplethorpes. In: Questão de ênfase: ensaios. Trad. Rubens Figueiredo. São Paulo: Cia da Letras, 2005. P. 301 – 305

____. Uma foto não é uma opinião. Ou é? In: Questão de ênfase: ensaios. Trad: Rubens Figueiredo. São Paulo: Cia da Letras, 2005. p. 306 – 322

Cronograma

Março

7 - ECOMEÇO

14Primeira parte: Apresentação professor/alunos e do curso. Introdução ao tema. O gênero portrait, algumas questões e definições a partir de vários teóricos e exibição de imagens.

Texto de base:

BASTOS, Maria. “O gênero portrait” IN: Uma investigação na intimidade do portrait fotográfico. Tese de doutorado. PUC-Rio, 2007.

Segunda parte: Exercícios de Descondicionamento do olhar, a partir das técnicas do fotógrafo Cláudio Feijó.

21 Primeira parte: O rosto, o olhar, a pose, a relação de alteridade e de tempo a partir do retrato, a encenação, os preparativos para a produção da imagem. A busca da semelhança do retrato nos primórdios da fotografia do século XIX. Os exemplos de Félix Nadar, Eugene Disdéri, Julia Cameron entre outros.

Fragmentos dos textos:

“Pequena história da Fotografia”, de Walter Benjamin;

“O público moderno e a fotografia”, de Charles Baudelaire;

Livro Identidades virtuais de AnnaTeresa Fabris: “Apresentação” e capítulo 1 “Identidade/identificação.

Segunda parte: Vivência fotográfica: experimentando o tempo (fotografar e ser fotografado com longa e curta exposição)

28 – Visita à exposição Heartbeat da fotógrafa americana Nan Golding, no Museu de Arte Moderna. Neste dia, haverá debate às 16 horas com a curadora da exposição, Ligia Canongia. Maiores informações aqui: http://www.mamrio.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=297&Itemid=36

Abril

4Primeira parte: Discussão de questões relacionadas à exposição e ao trabalho de Nan Golding. Segunda parte: Texto que introduzirá o trabalho de Diane Arbus e o retrato marginal. Que identidade é essa? Estranha, bizarra...Imagens e texto de Antonin Artaud e Autoimagem marginal:fotografias de Evelyn Ruman (1993 – 1997). Trechos da dissertação de mestrado de Daniela Szwertszarf, (defendida na ECO em 18/03/2011) “Fabulações e fotografia: anormais na obra fotográfica de Diane Arbus”.

11 - O retrato como biografia.

Primeira parte: Textos : “A ilusão biográfica”, de Pierre Bourdieu e “o portrait fotográfico entre biografia e imagem autônoma”, de Teresa Bastos IN Uma investigação na intimidade do portrait fotográfica, tese de doutorado (2007). Segunda parte: Vivência fotográfica conhecido/desconhecido no campus da universidade

18 – Edição, leitura e apresentação das imagens produzidas. Elaboração de proposta para a saída fotográfica seguinte.

25 – Saída fotográfica (local a ser definido)

Maio

2 – Retrato, documento e arquivo. O retrato de identidade e policial.

Primeira parte: imagens do acervo de retratos da polícia política brasileira, atuante de 1930 a 1983. Segunda parte: Exibição de trechos do filme “48” de Susana Sousa Dias.

9 - Autorretrato.

Primeira parte: Textos: Contos “O espelho”, de Guimarães Rosa e Machado de Assis. Segunda parte: exibição de imagens de Cindy Sherman, Florence Henri, Rafael Goldchain, entre outros em paralelo aos pontos teóricos apontados nos textos “Um, nenhum e cem mil” de Luigi Pirandello; “Olhar um auto-retrato”, de Philippe Lejeune e “O teatro das aparências”, de Annateresa Fabris.

16 – Retrato entre arte e ficção/a dissolução do biográfico

O retrato na arte contemporânea e a experiência dos arquivos (Boldansky, Rosângela Rennó) Arthur Omar, Vik Muniz, JR, Chuck Close,Florence Chevalier, Marc Trivier, Sophie Calle, Thomas Ruff, “Vídeo portraits de Robert Wilson. Os retratos experimentais de Man Ray e Lee Miller. Trecho do filme O sangue de um poeta, de Jean Cocteau, com atuação de Lee Miller.

Textos de Régis Durand; Antônio Fatorelli e Dominique Baqué.

23 – Nova saída fotográfica: o retrato como desconstrução

30 – Edição e leitura das imagens

Junho

6 - Produção fotográfica temática em estúdio

(Entrega do pré-projeto de trabalho final)

13 – Produção fotográfica temática em estúdio

20 – Leitura e edição das fotos produzidas

27 O retrato no fotojornalismo (Sebastião Salgado / Cláudio Edinger...) e na publicidade (Richard Avedon / David LaChapelle/Bob Wolfenson...).

Textos de Karl Erik Schollhammer “Imagens na margem do mundo globalizado” In Além do visível:o olhar da literatura; e “Retratos” In Cartas a um jovem fotógrafo:o mundo através das lentes, de de Bob Wolfenson. Documentário Annie Leibovtz: “A vida através das lentes”.

Julho

4 – Apresentação e entrega final dos trabalhos. Fim do curso

terça-feira, 3 de maio de 2011

"Fabulações e fotografia: anormais na obra fotográfica de Diane Arbus”.

Foto de Diane Arbus




Na próxima aula contaremos com a presença da pesquisadora Daniela Szwertszarf, autora da dissertação de mestrado (defendida em 18/03/2011) “Fabulações e fotografia: anormais na obra fotográfica de Diane Arbus”.

Pequena biografia da fotógrafa americana

(Textos de Daniela Szwertszarf)

Diane Arbus foi uma fotógrafa norte-americana, dos anos 60, cuja alcunha de “fotógrafa de freaks” a desagradava. Ela possui um lugar à parte na história da fotografia, por sua abordagem altamente inovadora e pessoal. Nascida e criada em Nova Iorque, começou sua carreira como fotógrafa de moda. Logo se viu insatisfeita com esse trabalho que, para ela, era como o de uma estilista. A partir de 1957, lançou-se em busca de uma linguagem mais pessoal. Logo firmou seu lugar entre os maiores da história da fotografia. Sua obra inspirou cineastas como Stanley Kubrick e David Lynch. Algumas citações são atribuídas à Diane, como: “Aquilo que eu nunca vi antes, é o que mais reconheço”; “Eu gosto de ficar com o que ninguém mais precisa”; e “Eu realmente acredito que certas coisas ninguém veria a não ser que eu as fotografasse.” Diane Arbus nasceu em 1923, em Nova Iorque. Seus pais eram donos de uma loja de peles na Quinta Avenida, a Russek’s. Os três filhos do casal de judeus russos tornaram-se artistas, renegando o mundo de luxo e extravagância dos pais. Diane Arbus suicidou-se em 1971, aparentemente devido às suas crises depressivas. No entanto, as causas reais de sua morte permanecem misteriosas.

Resumo da dissertação de mestrado:

Investigação sobre a relação entre a iconografia teratológica e a fotografia artística através da análise da obra fotográfica de Diane Arbus (1923-1971). Seu olhar inovador aborda questões relevantes sobre os novos sentidos do normal e do anormal. A fotografia é inventada e populariza-se no século XIX, no bojo de uma grande reorganização da percepção humana. O poder de normalização emerge tendo como um dos mais importantes dispositivos a disseminação e banalização da figura do anormal. A fotografia, neste momento, tem o status de portadora do real, sendo compreendida como uma espécie de janela transparente para o mundo. O momento de questionamento da objetividade da fotografia, nos anos 60, coincide com a redefinição da cultura em relação à norma e ao desvio. O monstro passa da ordem do outro para a ordem do idêntico. A imagem técnica havia ganhado tal dimensão que se tornara mais importante do que a própria realidade. A objetividade, na fotografia, passa a ser compreendida como produtora de uma ilusão, de uma impressão de objetividade. O trabalho de Arbus vai realçar a artificialidade do meio fotográfico, como se as situações por ela registrada estivessem a ponto de ruir. Arbus trabalha a auto-imagem de um sujeito implicado no fazer fotográfico. Sua sensibilidade é característica dos anos 60, quando a contracultura em geral começa a identificar-se como freak. O grotesco vai ser discutido neste contexto, em que o real e o irreal se amalgamam de modo a configurar um mundo que súbito se revela absurdo. As produções teóricas de Michel Foucault, Jean-Jacques Courtine, Erving Goffman, Vilém Flüsser, Susan Sontag e Wolfgang Kayser oferecem as ferramentas necessárias para uma discussão sobre a obra de Diane Arbus, a sua relação com o universo teratológico e com a fotografia documental dos anos 60.



Como tudo começou...

Numa manhã de domingo de 1957, Diane Arbus tomava café com seu marido, Allan Arbus, e seu amigo, Robert Brown, quando Allan ergueu as mãos e mostrou-lhes um anúncio no jornal. “Vamos!”, disse Diane imediatamente, arregalando os olhos. O anúncio dizia que o circo estava chegando à cidade, desembarcaria na manhã seguinte e seguiria para a Madison Square Garden. Brown levou Arbus até lá. Quando voltou para buscá-la, cerca de três horas depois, Brown perguntou ao porteiro do camarim onde Diane estava. “A fotógrafa? Ela não foi muito longe”, ele respondeu, apontando para Diane. Ela estava sentada no chão, conversando com os anões. “Eu não acho que Diane estava fotografando-os”, diz Brown, “ela estava apenas se envolvendo.”

terça-feira, 26 de abril de 2011

Evelyn Ruman e o autorretrato marginal

"EVELYN RUMAN desenvolveu oficinas de autorretrato com mulheres e adolescentes no Chile (1993-95 e 1997) e Brasil (1999-2000) . Quando utilizada como instrumento de intervenção psicossocial, a produção da auto-imagem tem o propósito de reabilitar a auto-estima e a confiança das mulheres e adolescentes internas em instituições de reabilitação social e ampliar a percepção que elas têm de si mesmas. De um modo geral, tanto este trabalho como as produções de autorretrato da última década constituem um campo de representações que revela, especialmente, no cenário das grandes metrópoles, um processo contínuo de fragmentação do indivíduo . O autorretrato problematiza a busca de sentido na experiência do cotidiano nos grandes centros à medida que coloca a possibilidade da desconstrução e construção de personagens como “meio ver-se a si mesmo, [que] à escala da história, é um ato recente” (BARTHES, 1989:28).
Texto extraído do artigo:
" O auto–retrato fotográfico como instrumento de intervenção psicossocial ", Revista Studium.
Disponível em: http://www.studium.iar.unicamp.br/sete/retratos/index.html

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Aglaura 3, por Teresa Bastos
Aglaura 2, por Teresa Bastos
Aglaura 1 , por Teresa Bastos


















terça-feira, 21 de setembro de 2010

Uma imagem para Aglaura

“As cidades e o nome 1” (P. 65), do livro Cidades invisíveis,
do escritor italiano Ítalo Calvino

Não saberia dizer nada a respeito de Aglaura além das coisas que os próprios habitantes da cidade sempre repetem: uma série de virtudes proverbiais, de defeitos igualmente proverbiais, algumas extravagâncias, algumas inflexões observâncias às regras. Antigos observadores – e não existe razão para crer que sejam inverídicos – atribuíram a Aglaura um constante sortimento de qualidades, comparando-as, claro, às de outras cidades da época. Pode ser que nem a Aglaura que se descreve nem a Aglaura que se vê tenham mudado muito desde então, mas o que era estranho tornou-se habitual, excêntrico o que se considerava a norma, e as virtudes e os defeitos perderam excelência ou desdouro num ajuste de virtudes e defeitos distribuídos de maneira diferente. Deste modo, nada do que se diz a respeito de Aglaura é verdadeiro, contudo permite captar uma imagem sólida e compacta de cidade, enquanto os juízos esparsos de quem vive ali alcançam menor consistência. O resultado é o seguinte: a cidade que dizem possui grande parte do que é necessário para existir, enquanto a cidade que existe em seu lugar existe menos.
Portanto, se quisesse descrever Aglaura limitando-me ao que vi e experimentei pessoalmente, deveria dizer que é uma cidade apagada, sem personalidade, colocada ali quase por acaso. Mas nem isso seria verdadeiro: em certas horas, em certas ruas, surge a suspeita de que ali há algo de inconfundível, de raro, talvez até de magnífico; sente-se o desejo de descobrir o que é, mas tudo o que se disse sobre Aglaura até agora aprisiona as palavras e obriga a rir em vez de falar.
Por isso, os habitantes sempre imaginam habitar Aglaura que só cresce em função do nome Aglaura e não se dão conta da Aglaura que cresce sobre o solo. E mesmo para mim, que gostaria de conservar as duas cidades distintas na mente, não resta alternativa senão falar de uma delas, porque a lembrança da outra, na ausência de palavras para fixá-la, perdeu-se.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Oficina de Slide na ECO/UFRJ

Projeção em cortina de fumaça. Rosângela Rennó, (2004-2005) Foto: Del Re/Stein


O objetivo dessa oficina é explorar as interfaces da fotografia com o cinema e o áudio visual e a criação de ambientes-cenários imagéticos.
A fotografia do Séc XX foi profundamente identificada como um espelho do real. Com a entrada na era digital, e a profusão de programas de manipulação de imagens, clarificou o caráter altamente amigável à intervenções da fotografia.
Partiremos de duas ( ou mais) projeções de slides convencionais trazidos pelos alunos, e construiremos outros artesanalmente durante o workshop. Atravez de justaposições e sobreposiçoes das imagens projetadas em uma espaço, serão criadas outras imagens que serão fotografadas com máquina digital.As imagens obtidas desse ambiente serão editadas em um programa de video.
Quem quiser participar deve levar slides ou fotos digitais.
Local: Estúdio Fotográfico CPM/ECO
Data: 23 de junho 2010
Horário: 16 horas
Professora: Denise Cathilina /Escola de Artes Visuais do Parque Lage

terça-feira, 8 de junho de 2010

Oficinas de fotografia no LabFoto da ECO



Terá início na próxima sexta-feira uma série de três oficinas de fotografia que serão oferecidas gratuitamente aos alunos da ECO. As vagas são limitadas e serão preenchidas de acordo com a ordem de chegada. Maiores informações você encontra no folder acima.






segunda-feira, 7 de junho de 2010

Colóquio Imagem e política: fotografias de arquivo começa nesta terça, na UFF

Manifestações estudantis no Rio de Janeiro, 1968. Cred: Evandro Teixeira


Terá início nesta terça-feira, dia 8 de junho, o colóquio "Imagem e política: fotografias de arquivo" que tem como objetivo reunir pesquisadores para discutir as relações entre imagem e política no Brasil, do ponto de vista da história da fotografia e da história cultural do político. A partir da valorização de acervos de fotografias de arquivos, pretende-se provocar o debate sobre a construção social da imagem de personalidades da política no Brasil e as diversas vertentes estéticas da fotografia moderna, bem como a obra de fotógrafos e a prática fotográfica que envolve a política no século XX. Trata-se de analisar o papel da fotografia como recurso da propaganda política e do controle social, ressaltando, ao mesmo tempo, o poder de atração e fascinação da imagem política. A coordenação do evento está a cargo de Paulo Knauss, professor do Departamento de História da UFF e diretor do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro.
PROGRAMAÇÃO
Dias: 08 e 09 de junho de 2010
Local: Universidade Federal Fluminense
Campus do Gragoatá, Bloco O / 5º Andar, sala 1 (PPGH) Niterói – RJ
Terça-feira, 08 de junho de 2010
10h – 10h30 – Abertura
10h30 – 12h – Mesa I
Virtudes privadas no espaço público:o retrato da política por Jean Manzon
Helouise Costa / Universidade de São Paulo

Ruy Santos, fotógrafo do PCB
Teresa Bastos / Universidade Federal do Rio de Janeiro

12h – 14h – Almoço
14h – 16h – Mesa II
Imagens da polícia política no acervo do APERJ
Maria Teresa Bandeira de Mello / Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro

Vigilantes e Vigiados nas fotografias da polícia política
Maurício Lissovsky / Universidade Federal do Rio de Janeiro

As imagens do DOPS/MG:usos, apropriações e disputas
Rodrigo Patto Sá Motta / Universidade Federal de Minas Gerais

Quarta-feira, 09 de junho de 2010

10h30 – 12h – Mesa III
A fotografia na tradição política
Ana Maria Mauad / Universidade Federal Fluminense

Política e fotojornalismo: do press-release visual à notícia
Milton Guran / Universidade Federal Fluminense

12h – 14h – Almoço

14h – 16h30 – Mesa IV
Faces de Júlio de Castilhos: imagem e política no Rio Grande do Sul
Elisabete Leal / Universidade Federal de Pelotas

A imagem de Virgílio Távora e a política no Ceará
Francisco Régis Lopes / Universidade Federal do Ceará

A administração da imagem dos governadores no Estado do Rio de Janeiro
Claudia Calmon / Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro

A imagem dos governadores do Mato Grosso do Sul
Caciano Lima / Arquivo Público do Estado do Mato Grosso do Sul

16h30 – 17h – Encerramento
Coordenação Geral
Paulo Knauss

Realização
Universidade Federal Fluminense / Departamento de História / Programa de Pós-Graduação em História / Laboratório de História Oral e Imagem
Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro

Apoio
Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ
Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro Cultural Justiça Federal



quarta-feira, 26 de maio de 2010

Visita à exposição World Press Photo 2010

Graham, jovem anorexico.Foto de Laura Pannack, 1º lugar Retratos Categoria single
A próxima aula do curso será a visita à exposição do World Press Photo 2010, na Caixa Cultural (Av Almirante Barroso,25 - Centro, atrás da estação de metrô Carioca). Encontro: 19 horas, em frente ao Foyer do 1º andar. Posto aqui algumas informações que podem ser úteis para a redação da resenha.
Composta por uma seleção feita entre 101.960 imagens enviadas por 5.947 fotógrafos de 128 nacionalidades diferentes, a exposição é uma chance de montar um painel da história recente e ampliar a perspectiva do indivíduo sobre a sociedade. Variando desde imagens bélicas do Afeganistão até paisagens bucólicas da Antártica, ela traz ao público a oportunidade de pensar sobre os fatos que passam tão aceleradamente pelos noticiários. A mostra é um convite à reflexão sobre o referencial contemporâneo de imagem jornalística e documental.


O Rio de Janeiro é a única cidade do Brasil e a primeira da América a exibir esta 53ª edição do WORLD PRESS PHOTO. A cada ano são premiadas as melhores imagens publicadas na imprensa ao redor do mundo. Na edição atual, fatos relevantes em 2009 nas áreas da política, ecnonomia, esportes, cultura e natureza são documentadas por 162 registros de 63 fotógrafos, originários de 23 países.




Meninos e meninas. Foto de Annie Van Gemert. 2º lugar Retratos - Categoria Série de fotos









Mulher grita em protesto contra resultado da eleição presidencial em Teerã, 24 de junho. Foto de Pietro Masturzo, Photo do Ano.

Publico abaixo o texto assinado por Ayperi Karabuda Ecer, (Suécia/Turquia, vice-presidente de fotografia da agência Reuters e presidente do júri de 2010.) publicado no catálogo da exposição:
“Como podemos atribuir o primeiro lugar a uma fotografia cujo tema não é imediatamente identificável?”
Esta foi uma das questões-chaves discutidas pelo júri do World Press Photo 2010.
Embora alguns entre nós tenham sido atraídos desde o início pela imagem vencedora de Pietro Masturzo, sentindo que ela nos incitava a descobrir algo mais, outros permaneceram indiferentes pela sua falta de contexto imediato. Alguns consideravam que o fotógrafo deve ser capaz de expressar “tudo” numa só imagem, enquanto outros pensavam que este “tudo” seria uma ilusão. Argumentavam que não queriam que lhes dissessem o que pensar, queriam apenas que o fotógrafo abrisse portas de forma criativa, para alimentar a reflexão e despertar a emoção.
A fotografia vencedora do World Press Photo deste ano, que mostra mulheres protestando ao anoitecer nos telhados de Teerã, convida-nos a descobrir uma notícia importante de maneira diferente: calmamente, sem deixarmos de sentir a forte tensão. A sua beleza acrescenta valor à informação.
Todos os membros do júri partilharam a sensação pungente de quão pouco do sofrimento do mundo somos realmente capazes de absorver, quando confrontados com 101.960 imagens concorrentes. Era como se a intensidade do drama tivesse paralisado o efeito visual por se repetir com tanta freqüência.
Olhar para as imagens vencedoras desperta, em cada caso, uma rica e complexa combinação de reações:
O desejo de encontrar formas mais pessoais de comunicação. A sensação do conflito evocado por uma sala de estar bombardeada em Gaza; o vazio que envolve o retrato de um jovem anoréxico; o esquartejamento sistemático de um elefante por camponeses esfomeados; os efeitos devastadores da guerra revelados através de soldados feridos fotografados em residências suburbanas;
Reação e resposta à violência absurda dos acontecimentos, que nos oferecem todos os dias novos desafios, obrigando-nos a reagir de novo a conflitos no Iraque, Afeganistão e Gaza; abrindo-nos os olhos para outras tragédias que ainda não estão presentes na nossa consciência coletiva, como a de Madagascar.
Identificação e questões em torno das nossas vidas. Ver como a fotografia pode transmitir magicamente as emoções e aspirações de uma mãe solteira isolada em Detroit; de um confortável pequenique de domingo numa praia de Moçambique; da natureza assombrosa e de esportes estonteantes.
Há muitas maneiras de relacionar estas imagens, mas a informação é sempre o elemento nuclear: você já havia visto fotografias documentando a ocupação de Guiné- Bissau pelos barões de droga? Sabia que uma laranja contaminada pela poluição tem o aspecto da Terra vista pelo espaço? O que são essas nuvens brancas e cônicas sobre Gaza?
Este concurso não pretende elencar prêmios para a profissão numa espécie de hierarquia. Todas as fotografias vencedoras fazem parte de um todo. No seu conjunto, constituem uma declaração sobre o fotojornalismo e sobre o nosso tempo.
Em um ano no qual os orçamentos dos meios de comunicação sofreram cortes severos, quando muitos jornalistas perderam o emprego e o número de encomendas de trabalho fotográficos decresceu drasticamente, a seleção do Worl Press Photo continua a oferecer uma visão única.
Esta seleção não é um inventário de temas mundiais. È uma viagem fotográfica, um quebra-cabeças visual que celebra o ponto de vista do fotógrafo, apresentando o melhor em cada categoria para que se possa refletir, questionar e desfrutar.
Nascidos em Bordéis
Aproveitando a deixa da exposição, comento sobre o filme Nascidos em Bordéis e
coloco o link para o trailer: http://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?source=DYNAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog&uf=1&local=1&template=3948.dwt&section=Blogs&post=252513&blog=762&coldir=1&topo=3994.dwt
No documentário há uma visita e uma palestra de uma das crianças, Avijit Bucket, à sede do World Press PHoto, na Holanda. O filme desperta comentários elogiosos e também levanta questões polêmicas sobre o etnocentrismo e a noção de “salvar” o mundo. Copio aqui um comentário da revista de cinema Contracampo abominando o documentário e insiro o meu, considerando o aspecto da fotografia abordado no filme. Sem dúvida, a cena da visita do menino Bucket à Holanda nos faz compartilhar do mundo enigmático da seleção das imagens.
A fotografia como experiência
“Para quem tem os olhos focados na fotografia, ou já pôde sentir o quanto a linguagem fotográfica pode mexer com nossa maneira de ver o mundo, o filme “Nascidos em Bordéis” é uma boa indicação. Produção de 2004, vencedor do prêmio de melhor documentário no Festival de filmes de Sundance e do Oscar de Melhor Documentário de Longa-Metragem, o filme mostra o cotidiano das crianças do bairro da Luz Vermelha, em Calcutá, na Índia. O lugar é conhecido pela miséria e prostituição e a partir da iniciativa de Zana, uma fotógrafa americana que lhes ensina a fotografar, os pequenos começam a registrar com uma câmera fotográfica a vida que os cercam. As imagens fotográficas se mesclam ao filme e vão compondo a narrativa. O universo desse submundo indiano vai sendo descortinado a partir dos olhares das próprias crianças marginalizadas e até então sem um futuro digno a ser vivido. A favor ou não da fotógrafa que tenta “salvar” as crianças do destino que as espera, o que é mais enriquecedor no filme é poder acompanhar o desabrochar dessas crianças a partir da vivência com suas câmeras fotográficas. É poder constatar o quanto a fotografia pode contribuir para as questões da identidade e, ao contrário do que vem acontecendo atualmente, pode fugir à banalização e cumprir um papel ético.”
Teresa Bastos, publicado em 23 de janeiro de 2008 no blog imagesvisions: http://imagesvisions.blogspot.com/2008/01/filme-mostra-como-linguagem-fotogrfica.html
Nascidos nos Bordéis, de Zana Briski e Ross KaufmanBorn into brothels: Calcutta's red light kids, Índia/EUA, 2004Nascidos nos Bordéis não é um filme comovente sobre uma mulher que tenta salvar a vida de alguns meninos fadados a repetir a vida criminosa de drogas e prostituição nos guetos da luz vermelha da Índia. É sobretudo um filme de terror. Um filme sobre como uma documentarista, dotada de todas as verdades egocêntricas e etnocêntricas sobre como dar liberdade aos outros, vai num país "exótico e atrasado" para com a arte (a fotografia, o cinema) salvar quem ainda pode ser salvo do mar de lama: as pobres criancinhas. Há um quê de Michael Moore (a professora-cineasta lutando contra a burocracia terceiromundista e preconceituosa da Índia para tirar os vistos de ração de seus alunos), como há um nojento fedor de autopromoção (as crianças sendo entrevistadas pela televisão indiana dizendo como tudo que a tia Zana ensina vai direto pro cérebro, como ela é boazinha e atenciosa, etc.) nessa enquete assistencialista que tenta aplacar a culpa social através de saídas voluntaristas que "fazem a diferença". O voluntarismo, como bem se sabe, serve mais para aliviar a consciência de quem pratica do que para salvar o outro a quem ele geralmente é destinado. Assim, depois que a diretora do filme se esforça para colocar todos os meninos na escola – a toques de caixa, para mostrar que fez sua parte –, as legendas nos informam que a maioria deles voltou para a família. A metáfora é clara: como George W. Bush concedendo aos iraquianos uma democracia que, para princípio de conversa, eles não pediram, tia Zana aparece com seus valores universais para dar "liberdade" a pessoas que vivem num contexto social e existencial em que essa liberdade não é possível. Em Nascidos nos Bordéis, a arte serve como álibi para uma prática invasiva, altamente questionável, e como desculpa para ser bonzinho com os outros e, assim, conseguir suas medalhinhas da Unicef (ou o senso do dever cumprido). Todo o poder à má-consciência. Como no igualmente lamentável Cine Mambembe, a tarefa do artista é agir como elemento invasivo porém carregando valores "universais" para iluminar a vida de pessoas humildes. Efeito "pixote": para um possível fotógrafo de carreira profissional bem-sucedida, quantos conviverão com uma lembrança frustrada de uma caucasiana bem trapalhona? A benevolência cretina de uma documentarista que vai embora enquanto os outros ficam com seus recém-criados desejos artísticos é algo de virar o estômago. Zana Briski jamais deve ter lido O Pequeno Príncipe; nele, se lê: "Tu és responsável por aquilo que cativas". De boas intenções... (Ruy Gardnier)
Revista Contracampo /Pílula, seção crítica