Nesta segunda, dia 25, contaremos com a presença da pesquisadora Danusa Depes que, a partir da artista americana Cindy Sherman, apresenta e discute questões relativas a auto-retrato, fotografia, autoria, arte e representação.
"O que é um retrato? Um signo dotado de dois objetivos fundamentais _ descrição de um indivíduo e inscrição de uma identidade social. E o que é uma auto-retrato? Uma encenação de si para o outro, como um outro", afirma Philippe Lejeune.
A encenação de si, como um outro é o que problematiza a idéia de auto-retrato a partir dos recursos técnicos usados no momento da tomada que lhe permitem retirar da imagem qualquer possibilidade de legibilidade plena, convertendo-a numa mera silhueta.
Uma concepção como os trabalhos da artista visual Cindy Sherman não pode ser colocada na categoria do auto-retrato pelo simples fato de saber-se de antemão que aquela que está ali é a artista. A operação é mais complexa pelo fato de envolver a fotografia e não a pintura. Se o pintor tem a possibilidade de observar a feitura do próprio retrato, pincelada após pincelada, naquele espelho no qual se converteu a própria tela, o fotógrafo, ao contrário, não podendo observar a própria pose, goza de uma liberdade muito maior: não só pode levar ao extremo o artifício da encenação, como pode agir metaforicamente e denominar auto-retrato o que quer que seja.
A imagem que domina o horizonte contemporâneo nunca é uma presença pura, e sim reduplicação, multiplicação, sobreposição de elementos heterogêneos, códigos, estratificações e reproduções de imagens. A imagem da imagem é uma mensagem que explicita imediatamente o próprio código, que sublinha a semelhança em detrimento da originalidade, impõe a repetição enfatizada de si, ou melhor, a reprodução permanente e auto-reprodução.
Não obstante, o auto-retrato não é simplesmente despojado de toda dimensão subjetiva para transformar-se num recipiente vazio, capaz de abrigar uma noção complexa de identidade. Cindy Sherman propõe bem mais: deixando de lado a função representativa do retrato fotográfico. Pergunta-se: o que é afinal a memória retida pela imagem fotográfica? Um momento ou uma forma? Sherman responde: o que resta é uma forma. O sujeito nada pode nesse processo: o que ele tem a exibir é produto de um aparato que o transforma à sua revelia, conferindo-lhe uma identidade fictícia e epidérmica. Uma identidade bem frágil, fruto de uma causalidade que continuará a imprimir alterações naquela que é considerada a marca distintiva de todo indivíduo: sua efígie. (FABRIS: 2004)
A encenação de si, como um outro é o que problematiza a idéia de auto-retrato a partir dos recursos técnicos usados no momento da tomada que lhe permitem retirar da imagem qualquer possibilidade de legibilidade plena, convertendo-a numa mera silhueta.
Uma concepção como os trabalhos da artista visual Cindy Sherman não pode ser colocada na categoria do auto-retrato pelo simples fato de saber-se de antemão que aquela que está ali é a artista. A operação é mais complexa pelo fato de envolver a fotografia e não a pintura. Se o pintor tem a possibilidade de observar a feitura do próprio retrato, pincelada após pincelada, naquele espelho no qual se converteu a própria tela, o fotógrafo, ao contrário, não podendo observar a própria pose, goza de uma liberdade muito maior: não só pode levar ao extremo o artifício da encenação, como pode agir metaforicamente e denominar auto-retrato o que quer que seja.
A imagem que domina o horizonte contemporâneo nunca é uma presença pura, e sim reduplicação, multiplicação, sobreposição de elementos heterogêneos, códigos, estratificações e reproduções de imagens. A imagem da imagem é uma mensagem que explicita imediatamente o próprio código, que sublinha a semelhança em detrimento da originalidade, impõe a repetição enfatizada de si, ou melhor, a reprodução permanente e auto-reprodução.
Não obstante, o auto-retrato não é simplesmente despojado de toda dimensão subjetiva para transformar-se num recipiente vazio, capaz de abrigar uma noção complexa de identidade. Cindy Sherman propõe bem mais: deixando de lado a função representativa do retrato fotográfico. Pergunta-se: o que é afinal a memória retida pela imagem fotográfica? Um momento ou uma forma? Sherman responde: o que resta é uma forma. O sujeito nada pode nesse processo: o que ele tem a exibir é produto de um aparato que o transforma à sua revelia, conferindo-lhe uma identidade fictícia e epidérmica. Uma identidade bem frágil, fruto de uma causalidade que continuará a imprimir alterações naquela que é considerada a marca distintiva de todo indivíduo: sua efígie. (FABRIS: 2004)
Danusa Depes, a partir dos textos de Annateresa Fabris, “ O teatro das aparências” IN Identidades Virtuais e Philippe Lejeune, “Olhar um auto-retrato” IN O pacto autobiográfico, de Rousseau à Internet.
Danusa é Mestre em Estudos de Literatura (PUC-RJ), com o projeto Imagens Contemporâneas (do Sublime) - um estudo em torno da experiência estética. Foi Diretora e roteirista na Cena Tropical Comunicações, onde produziu onze peças audiovisual para TV Futura e ainda Coordenadora do Núcleo de Cultura Visual, onde implementou propostas na área de Cultura Visual e Inclusão Social.
Nenhum comentário:
Postar um comentário