terça-feira, 3 de maio de 2011

"Fabulações e fotografia: anormais na obra fotográfica de Diane Arbus”.

Foto de Diane Arbus




Na próxima aula contaremos com a presença da pesquisadora Daniela Szwertszarf, autora da dissertação de mestrado (defendida em 18/03/2011) “Fabulações e fotografia: anormais na obra fotográfica de Diane Arbus”.

Pequena biografia da fotógrafa americana

(Textos de Daniela Szwertszarf)

Diane Arbus foi uma fotógrafa norte-americana, dos anos 60, cuja alcunha de “fotógrafa de freaks” a desagradava. Ela possui um lugar à parte na história da fotografia, por sua abordagem altamente inovadora e pessoal. Nascida e criada em Nova Iorque, começou sua carreira como fotógrafa de moda. Logo se viu insatisfeita com esse trabalho que, para ela, era como o de uma estilista. A partir de 1957, lançou-se em busca de uma linguagem mais pessoal. Logo firmou seu lugar entre os maiores da história da fotografia. Sua obra inspirou cineastas como Stanley Kubrick e David Lynch. Algumas citações são atribuídas à Diane, como: “Aquilo que eu nunca vi antes, é o que mais reconheço”; “Eu gosto de ficar com o que ninguém mais precisa”; e “Eu realmente acredito que certas coisas ninguém veria a não ser que eu as fotografasse.” Diane Arbus nasceu em 1923, em Nova Iorque. Seus pais eram donos de uma loja de peles na Quinta Avenida, a Russek’s. Os três filhos do casal de judeus russos tornaram-se artistas, renegando o mundo de luxo e extravagância dos pais. Diane Arbus suicidou-se em 1971, aparentemente devido às suas crises depressivas. No entanto, as causas reais de sua morte permanecem misteriosas.

Resumo da dissertação de mestrado:

Investigação sobre a relação entre a iconografia teratológica e a fotografia artística através da análise da obra fotográfica de Diane Arbus (1923-1971). Seu olhar inovador aborda questões relevantes sobre os novos sentidos do normal e do anormal. A fotografia é inventada e populariza-se no século XIX, no bojo de uma grande reorganização da percepção humana. O poder de normalização emerge tendo como um dos mais importantes dispositivos a disseminação e banalização da figura do anormal. A fotografia, neste momento, tem o status de portadora do real, sendo compreendida como uma espécie de janela transparente para o mundo. O momento de questionamento da objetividade da fotografia, nos anos 60, coincide com a redefinição da cultura em relação à norma e ao desvio. O monstro passa da ordem do outro para a ordem do idêntico. A imagem técnica havia ganhado tal dimensão que se tornara mais importante do que a própria realidade. A objetividade, na fotografia, passa a ser compreendida como produtora de uma ilusão, de uma impressão de objetividade. O trabalho de Arbus vai realçar a artificialidade do meio fotográfico, como se as situações por ela registrada estivessem a ponto de ruir. Arbus trabalha a auto-imagem de um sujeito implicado no fazer fotográfico. Sua sensibilidade é característica dos anos 60, quando a contracultura em geral começa a identificar-se como freak. O grotesco vai ser discutido neste contexto, em que o real e o irreal se amalgamam de modo a configurar um mundo que súbito se revela absurdo. As produções teóricas de Michel Foucault, Jean-Jacques Courtine, Erving Goffman, Vilém Flüsser, Susan Sontag e Wolfgang Kayser oferecem as ferramentas necessárias para uma discussão sobre a obra de Diane Arbus, a sua relação com o universo teratológico e com a fotografia documental dos anos 60.



Como tudo começou...

Numa manhã de domingo de 1957, Diane Arbus tomava café com seu marido, Allan Arbus, e seu amigo, Robert Brown, quando Allan ergueu as mãos e mostrou-lhes um anúncio no jornal. “Vamos!”, disse Diane imediatamente, arregalando os olhos. O anúncio dizia que o circo estava chegando à cidade, desembarcaria na manhã seguinte e seguiria para a Madison Square Garden. Brown levou Arbus até lá. Quando voltou para buscá-la, cerca de três horas depois, Brown perguntou ao porteiro do camarim onde Diane estava. “A fotógrafa? Ela não foi muito longe”, ele respondeu, apontando para Diane. Ela estava sentada no chão, conversando com os anões. “Eu não acho que Diane estava fotografando-os”, diz Brown, “ela estava apenas se envolvendo.”

Um comentário:

jan disse...

Olá querida!
Tudo bem?
estou realizando uma pesquisa em psicologia, que trata a fotografia como instrumento na prática terapêutica com pessoas com transtornos mentais...

queria saber se existe a possibilida? de de eu ter acesso a essa dissertação? me interessa muito. obrigada